25 de dezembro de 2009

a ceia

a princípio optei por formular uma postagem no lugar que eu estivesse localizada. ontem vim para a bahia, e com todas adversidades fui levada pela maré a escolher um poeta marginal/ nascido no piauí para lhes apresentar. esta escolha se configura para mim, como forma de um presente, nesta data muito especial para alguns e nada diferente para outros. eu tenho gosto pela margem, pela poesia múltipla que se manifesta fora da possibilidade de ser arranjada e enclausurada em categorias e formulações. e é exatamente por este motivo, que irei conter meu discurso para dar à fala, a força do verbo disforme. uma dose de poesia é o alimento vital que agora compartilho. ceiar é partilhar o bom poema e nada mais.



Cidadão Comum

por Torquato Neto em 09-08-1962


Cidadão Comum

Sempre subindo a ladeira do nada,

Topar em pedras que nada revelam.

Levar às costas o fardo do ser

E ter certeza que não vai ser pago.

Sentir prazeres, dores, sentir medo,

Nada entender, querer saber tudo.

Cantar com voz bonita prá cachorro,

Não ver ‘‘PERIGO’’ e afundar no caos.

Fumar, beber, amar, dormir sem sono,

Observar as horas impiedosas

Que passam carregando um bom pedaço

da vida, sem dar satisfações.

Amar o amargo e sonhar com doçuras

Saber que retornar não é possível

Sentir que um dia vai sentir saudades

Da ladeira, do fardo, das pedradas.

Por fim, de um só salto,

Transpor de vez o paredão.



(mariana de matos)

Um comentário:

ana pedrosa disse...

divinomaravilhoso!