30 de julho de 2010

como libertar a linguagem do amor do ridículo ou como o discurso amoroso pode ser decisivo para a literatura:

1
ele não gosta de conversar sobre conversar
com sua veia de cor verde

e marca de picada vermelha na parte inferior de sua perna tão branca///
tem poder sobre os minutos e manipula as palavras de minha boca///
e eu quero saber do que se trata)
e elas dançam no rumo dele como uma alegoria dum carnaval que ele não foi
e lhe contei como contudo conto e ele me roubou,
pro prumo dum barco que nem ancorar / ancorou.


2

passei cinco minutos te olhando: você não desmanchou.



3
ontem a noite fui medusa e ele pescador

e ele fez virar mar onde estive e eu fiz maré do que fosse
 4

meu ébano meu querido meu ranger amoroso de dentes

a entrar singelo e majestoso pela casa do descanso_____

5

você adorava que eu te adorasse

e eu só adorava porque não conseguia
te estabelecia pra que não me pensasse



6
menino, só me lembro de você quando releio meu texto.
7

Quem és? Perguntei ao desejo.

Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada.


(marédematos)

27 de julho de 2010

censura


e ela falava do homem não com personagem da moralidade
não como metáfora do verdadeiro sentido
aquele homem era em si a própria estética
sim, nenhuma censura poderia aprisionar os movimentos desse homem
porque sua condenação também seria sua glória
e cruelmente assim se faria também o contrário.
o homem era o dono de si e em si era absoluto
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mas afinal
que conceito limparia todos os resíduos da estética a ponto de não sê-la em lugar algum
processualmente (i)moral (?!)
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ela sabia que as palavras eram apenas metáforas das emoções
e que ali divagava a partilhar o sensível
e ainda que não se percebesse
o enredo se fazia elogio ao/pelo/para o homem
porque
as palavras não apenas nos conferem realidade;
elas podem ainda defendê-las para nós.

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e ali, a escritura a se cumprir
o berço do homem:
o teatro:
o auto da barca de camiri  [http://www.megaupload.com/?d=JZKP5U04]