9 de janeiro de 2010

desenho virtual

Caminhando em uma direção um pouco diferente dos meus posts anteriores, hoje gostaria de apresentar uma ferramenta para criação desenhos “a mão livre” no computador. Pensei em apresenta-la aos leitores, pois este é um software de uso livre, de fácil acesso e que não precisa de grandes configurações para ser utilizado.


Aí vai uma demonstração do que pode ser feito com o programa pelo grupo Kaplan Project Comics:



Para quem já desenha, ou quer começar a criar algo no mundo virtual, aí vai a dica do Smoothdraw, que pode ser baixado (de graça) no link abaixo:

http://www.smoothdraw.com/

JFBrittes

8 de janeiro de 2010

salve jorge

neste texto abandono o nome~pelos diálogos nos botecos da cidade quente~com amigos pela madrugada e a lembrança de barthes~pelo esquecimento absoluto do autor~de quem~hoje deixo o pedaço duma oração~como ontem dissemos ser a poesia a mais alta arte~a que mais caça o vöo~e a que mais nos desprende do chão~ para que saibamos não querer saber donde veio~ ou para ainda que nem saibamos~ e só nos lembremos pra onde~ou quem sabe nem mais isso:




Eu andarei vestido e armado, com as armas de São Jorge
Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem
tendo mãos não me peguem,
tendo olhos não me exerguem
e nem pensamentos eles possam ter para me fazerem mal.


Armas de fogo o meu corpo não o alcançarão,
facas e lanças se quebrarão sem ao meu corpo chegar,
cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo amarrarem.



(pois eu estou vestido com as roupas e as armas de jorge~jorge é da capadócia).

7 de janeiro de 2010

Di Glauber


Di Glauber
Por Paula Motta

Glauber Rocha, cineasta brasileiro, nasceu em Vitória da Conquista em 1939, e morreu aos seus quarenta e poucos anos. Foi uma de nossas maiores expressões artísticas, incompreendido por muitos e celebrado por poucos no seu tempo. Sábio, dono de um discurso entusiasta quando se tratava sobre o cinema ou a sociedade, perdia suas vírgulas no meio de tantas coisas que estavam por dizer; e dizia.
Escreveu e pensou cinema como ninguém, queria uma arte engajada ao pensamento e pregava uma nova estética, uma revisão crítica da realidade. Foi visto como elemento 
subversivo pela ditadura militar e no começo da década de setenta, com a radicalização do regime, partiu para o exílio.
Seu longa-metragem de maior destaque é Deus e o Diabo na Terra do Sol, de 1964.

Sua filmografia, seus manifestos, poemas e anotações podem ser vistos no site tempo glauber.

Dono de um estilo singular de filmar, e para eu não correr o risco de tentar citar  trago-lhes um curta-metragem belíssimo filmado em 1976, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, no velório de seu grande amigo, o artista plástico Di Cavalcanti. A família de Di Cavalcanti interditou a exibição, pois não souberam compreender que Glauber filmando closes fúnebres do caixão era, na realidade, uma forma artística que ele adotou para demonstrar o seu respeito para com o amigo falecido, assim dizia Glauber: “No caso o filme é uma celebração que liberta o morto de sua hipócrita-trágica condição. A Festa, o Quarup - a ressurreição que transcende a burocracia do cemitério. Por que enterrar as pessoas com lágrimas e flores comerciais? Meu filme, cujo título, dado por Alex Viany, é Di-Glauber, expõe duas fases do ritual: o velório no Museu de Arte Moderna e o sepultamento no Cemitério São João Batista. É assim que sepultamos nossos mortos. Chocado pela tristeza de um ato que deveria ser festivo em todos os casos (e sobretudo no caso de um gênio popular como Emiliano di Cavalcanti) projetei o Ritual Alternativo; Meu Funeral Poético, como Di gostaria que fosse, lui....o símbolo da Vida..."











obs: a exibição do filme foi interditada pela justiça desde 1979, quando da concessão de liminar pela 7ª Vara Cível, ao mandado de segurança impetrado pela filha adotiva do pintor, Elizabeth Di Cavalcanti.

6 de janeiro de 2010

éolo, Minas Gerais, Brasil.

Se não fosse uma Ouro Preto em minas gerais, se não fosse os anos 60, se já não houvesse uma necessidade de firmar nossa identidade mineira em nossos prédios...


Eólo Maia era mineiro de Ouro Preto, e se não o mais importante, um dos mais importantes arquitetos do cenário arquitetônico pós-modernista brasileiro.
Viveu e trabalhou em Belo Horizonte, onde passou a maior parte dos seus 60 anos.
Faleceu em 2002 deixando uma lacuna no cenário da arquitetura brasileira.

Eólo tinha o dom de criar marcos e referencias na cidade, ou se preferir, sua obra se encaixa perfeitamente no conceito de imaginabilidade de Kevin Lynch, ou seja, “a capacidade que um objeto físico possui de evocar uma imagem ou sensação forte”.

Quem há de negar que nossa cultura corre no nosso sangue? Quem há de negar que temos nossas formas, paisagens e tradições estampadas em nossa personalidade?

É disso que eu quero falar. É exatamente disso que eu quero falar nessa coluna.
Da necessidade de se firmar uma arquitetura brasileira, mineira, contemporânea. E quando digo contemporânea, digo realmente CONTEMPORANEA. A tudo. A tudo o que vivemos. Digo isso porque a palavra contemporâneo virou um termo, que designa um estilo, que por sua vez não quer dizer nada. Um termo totalmente vazio para classificar obras que não possuem qualquer conceito, que são simplesmente soluções – muitas vezes, medianas de projeto.

Para mostrar as obras de Éolo, uso a classificação de suas obras de acordo com as estratégias projetuais adotas, feita pelo Arquiteto Bruno Santa Cecília.

Divirtam-se!

- a dimensão vertical

                                                          Condominio Officenter - 1989
 
 
- a expressividade plástica
 
 

Edificio Fashion Center - 1991-95



Museu de Mineralogia (Rainha da Sucata) - 1984-1992

- implantação e relação com o entorno



Centro Empresarial Raja Gabaglia 1989-1993


- a sensibilização do usuário comum




Academia Wanda Bambirra 1997-98




Neste croqui Éolo estuda o estilo de implantação das igrejas de Ouro Preto para então fazer a implantação do Centro Empresarial na Raja Gabaglia.

Espero que tenham gostado do post. E fico extremamente feliz de mostrar o trabalho deste grande arquiteto mineiro para vocês.




Gabriela de Matos.

5 de janeiro de 2010

Fragmentos da cidade



Essa imagem faz parte da Revista ao cubo, uma revista para ser vista no cubo de uma galeria.
Dando continuidade ao último post, essa passagem reflete acerca do sentido da moda e suas múltiplas potencialidades.

PS: Para uma melhor leitura do texto clique na imagem!

Flávia Virgínia

4 de janeiro de 2010

para celebrar a vida: estado de sítio

levada pela derradeira celebração de meus companheiros de estrada que, aqui, cotidianamente, compartilham pensamentos e glórias de importantes acontecimentos/manifestações da arte, venho lhes apresentar o livro estado de sítio,
do escritor e filósofo albert camus (1913-1960), lançado em 1948.
trata-se de uma peça teatral que aborda a situação de uma comunidade específica (naturalmente transfigurada e obviamente transposta para toda situação grupal que pudermos) que padece da mesmice, do conformismo e mantém uma sobrevida sem brios ou surpresas (que são movimentos/sensações- e não estados perenes- necessários para emoções que nos dêem vida).
além de ser uma escritura que, de forma clara, dura e mágica, coloca um assunto tão atormentado no teatro e na história: a peste.
um livro de leitura simples, envolvente, degustação duradoura e relevante.


não fazendo de minhas delongas a supressão da vontade e gozo dessa leitura, me precipito a encerrar meus comentários sobre essa preciosidade na obra de camus, do teatro, da arte e da humanidade, que diz tanto de nós todos- de como habitamos o mundo como seres (sensíveis, pensantes e sociais).


deixo portanto meu chamado ao vislumbre da imensidão que é estado de sítio, para uma celebração à todos de um igualmente imenso e glorioso ano.


(ana pedrosa


3 de janeiro de 2010


Richard Stallman é um barbudinho invocado. Na década de 70 ele trabalhava no desenvolvimento de um programa de computador e resolveu compartilhá-lo com uma companhia de softwares, que, em singelo gesto de agradecimento, fez modificações sobre a obra, tacou-lhe uma licença de copyright e assim impediu Stallman de trabalhar sobre sua cria. Indignado, na década de 80 o programador resolveu criar uma licença própria para seu projeto de softwareGNU, a General Public License (GPL), que a partir de então impediria a restrição de copyright sobre a obra. Assim nascia o Copyleft, termo associado à GPL posteriormente por Don Hopkins, amigo de Stallman.

Como você pôde ver na resumida historinha, o copyright é o maior amigo do explorador, o maior inimigo da boa-fé. Mas… o que é copyright mesmo?

Copyright é o direito de cópia que um autor possui sobre suas obras. Até aí tudo lindo. O problema é que esse direito de cópia não tem como titular unicamente o autorNa verdade, ele é majoritariamente exercido, via imparcialíssimos contratos de cessão, por empresas que dão suporte financeiro e material às obras intelectuais. São elas as grandes produtoras de filmes, as  gravadoras, as grandes editoras de livros e por aí vai. Assim você pode entender porque o Alan Moore faz cara feia pra todas as adaptações de suas obras no cinema. O copyright também faz com que tudo seja automaticamente proibido. Se por motivos de força maior eu tivesse de inserir aquele cêzinho xarope bem aqui neste texto, você teria que me pedir permissão para reproduzí-lo, mesmo se minha vontade fosse que todo e qualquer infeliz habitante da terra, céu e inferno lesse minhas palavras.
           



O Copyleft, criado por Richard Stallman e sua turma do software livre, é uma linda afronta ao copyright. Primeiro porque tanto o significado da palavra (o trocadilho entre right – direita – e left – esquerda) quanto seu símbolo (um belo “c” contraposto) cospem fogo contra a retrógrada prática de apropriação intelectual da restrição do direito de cópia. Depois, temos o próprio conteúdo inovador do Copyleft, lançado ao mundo através da licença pública do GNU: “‘Software livre’ se refere à liberdade dos usuários executarem, copiarem, distribuírem, estudarem, modificarem e aperfeiçoarem o software”. A licença também permite a exploração econômica da obra, desde que não a torne objeto de monopólio, ou seja, se eu escrever um livro licenciando-o por copyleft, você pode produzí-lo em série e vendê-lo, mas não pode impedir que as pessoas o copiem livremente. Leia mais sobre as liberdades da licença aqui.

Aí o mundo ocidental inteiro viu que renunciar ao copyright não mata nenhum autor de fome, muito pelo contrário. Aqueles que o fazem atuam com convicção e, querendo ou não, erguem a bandeira da cultura livre. Diferentemente da indústria cultural, que deve gastar boa parte de seu pequenino orçamento contratando carpideiras.




Com o desenvolvimento e constante crescimento do uso do Copyleft surgiram as licenças Creative Commons (simbolizadas por dois cês). Estas são, basicamente, uma via mais organizada e detalhada de disponibilização de obra intelectual. O Copyleft nasceu como uma licença livre que visava a livre distribuição e modificação de programas de computador. Com a expansão para outros formatos, surgiram licenças mais específicas, que, por exemplo, permitiam a distrubuição livre, mas não a modificação do conteúdo. Muitas dessas diferentes formas de publicação de trabalho intelectual começaram a ser regulamentadas por escritórios de Creatives Commons, que possuem atuação em diversos países e oferecem registro pela internet, possibilitando vários tipos de disponibilização da obra, incluindo a própria GPL do GNU e o domínio público (quando todos podem explorar como bem entenderem a obra de um autor, restando intacta apenas sua autoria).

Enfim, a Creative Commons nada mais é do que uma licença mais “organizada” do que o Copyleft. Ambos têm demonstrado como o copyright é cada vez mais dispensável para o mundo. Mas não posso negar uma coisa: o Copyleft, por toda a sua carga ideológica e significado direto me soa mais apropriado para a representação da cultura livre, que tem como principal oponente um modelo de exploração econômica que se iniciou como monopólio de livreiros na Idade Média e hoje tenta manter seus lucros através de propaganda caluniosa e lobby cara-de-pau. Através do copyright, quem fica mais rico com arte é quem menos entende ou cria arte.


[Edson Andrade de Alencar.http://baixacultura.org/
Crédito das imagens: