a princípio optei por formular uma postagem no lugar que eu estivesse localizada. ontem vim para a bahia, e com todas adversidades fui levada pela maré a escolher um poeta marginal/ nascido no piauí para lhes apresentar. esta escolha se configura para mim, como forma de um presente, nesta data muito especial para alguns e nada diferente para outros. eu tenho gosto pela margem, pela poesia múltipla que se manifesta fora da possibilidade de ser arranjada e enclausurada em categorias e formulações. e é exatamente por este motivo, que irei conter meu discurso para dar à fala, a força do verbo disforme. uma dose de poesia é o alimento vital que agora compartilho. ceiar é partilhar o bom poema e nada mais.
Cidadão Comum
por Torquato Neto em 09-08-1962
Cidadão Comum
Sempre subindo a ladeira do nada,
Topar em pedras que nada revelam.
Levar às costas o fardo do ser
E ter certeza que não vai ser pago.
Sentir prazeres, dores, sentir medo,
Nada entender, querer saber tudo.
Cantar com voz bonita prá cachorro,
Não ver ‘‘PERIGO’’ e afundar no caos.
Fumar, beber, amar, dormir sem sono,
Observar as horas impiedosas
Que passam carregando um bom pedaço
da vida, sem dar satisfações.
Amar o amargo e sonhar com doçuras
Saber que retornar não é possível
Sentir que um dia vai sentir saudades
Da ladeira, do fardo, das pedradas.
Por fim, de um só salto,
Transpor de vez o paredão.
(mariana de matos)
Um comentário:
divinomaravilhoso!
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