13 de março de 2010

Marisa Monte - Quantas Lágrimas

Um amigo me enviou este video, acho que expressa bem como ele se sente nesses dias escuros que passamos agora. Sem mais delongas, vou compartilha-lo com vocês. Espero que gostem.


Para Natalia Chaparro

JF

12 de março de 2010

tomei um tempo para alinhar o anúncio de que as idéias em torno de uma literatura que saia de sua finalidade somente material (o objeto de estima livro ou ainda e mais absurdamente o objeto virtual de estima livro) esteja sendo discutida e pensada em uma forma mais coletiva de experiência literária. ações, proclamo que serão feitas, e um ataque literário pretendemos. publicações de escritores contemporâneos, seletivas ao contrário, jogos absurdos de uma literatura que muda seu comportamento, e te toma o corpo como um susto improvável.
esta postagem é somente para dizer


que virá.

11 de março de 2010

vídeo nas aldeias



Paula Motta

vídeo nas aldeias


Criado em 1987, Vídeo nas Aldeias (VNA) é um projeto precursor na área de produção audiovisual indígena no Brasil. O objetivo do projeto foi, desde o início, apoiar as lutas dos povos indígenas para fortalecer suas identidades e seus patrimônios territoriais e culturais, por meio de recursos audiovisuais e de um produção compartilhada com os povos indígenas com os quais o VNA trabalha. O VNA surgiu dentro das atividades da ONG Centro de Trabalho Indigenista, como um experimento realizado por Vincent Carelli entre os índios Nambiquara. O ato de filmá-los e deixá-los assistir o material filmado, foi gerando uma mobilização coletiva. Diante do potencial que o instrumento apresentava, esta experiência foi sendo levada a outros grupos, e gerando uma série de vídeo sobre como cada povo incorporava o vídeo de uma maneira particular. Em 1997, foi realizada a primeira oficina de formação na aldeia Xavante de Sangradouro. O VNA foi distribuindo equipamentos de exibição e câmeras de vídeo para estas comunidades, e foi criando uma rede de distribuição dos vídeos que iam produzindo. Foi se desenvolvendo e gerando novas experiências, como promover o encontro na vida real dos povos que tinham se conhecido através do vídeo, “ficcionar” seus mitos, etc.
O VNA foi se tornando cada vez mais um centro de produção de vídeos e uma escola de formação audiovisual para povos indígenas. Desde o “Programa de Índio” para televisão em 1995, até a atual Coleção Cineastas Indígenas, passando por todas as oficinas de filmagem e de edição do VNA, em parceria com ONGs e Associações Indígenas, o projeto coloca a produção audiovisual compartilhada ao centro das suas preocupações.
Em 2000, o Vídeo nas Aldeias se constituiu como uma ONG independente. A trajetória do Vídeo nas Aldeias permitiu criar um importante acervo de imagens sobre os povos indígenas no Brasil e produzir uma coleção de mais de 70 filmes, a maioria deles premiados nacional e internacionalmente, transformando-se em uma referência nesta área.


Atividades 

Vídeo nas Aldeias dá suporte técnico e financeiro para viabilizar a emergente produção audiovisual indígena e sua difusão entre os povos indígenas, bem como no circuito midiático nacional e internacional.

As linhas de atuação são três: formação, produção e divulgação.

A prioridade é oferecer uma formação de qualidade, com um treinamento contínuo e aprofundado mediante oficinas de capacitação de um mês de duração, nas aldeias indígenas. A formação se dá em quatro etapas: roteiro, captação de imagens, análise crítica do material captado e edição. A dinâmica interativa da oficina faz com que a comunidade seja incluída em todas as etapas deste processo.

A partir destas oficinas, cada aluno elabora um projeto de realização que será acompanhado e apoiado pelo núcleo de produção do Vídeo nas Aldeias. Na sede do Vídeo nas Aldeias (Olinda/Pernambuco) se realiza a produção, a finalização e a distribuição dos vídeos. Esta sede oferece a infra-estrutura necessária à produção dos vídeos e permite pôr em prática os projetos, do ponto de vista financeiro, técnico e de conteúdo.

Vídeo nas Aldeias possibilita o intercâmbio entre os povos indígenas através da distribuição do acervo de vídeos para as comunidades e associações indígenas no Brasil e no exterior. Mas também contribui para que o público não-indígena entre em contato com a realidade indígena contemporânea, distribuindo os filmes na mídia em geral (TVs públicas brasileiras, Centros Culturais, Museus, Universidades e Festivais nacionais e internacionais), nas instâncias de poder (local, estadual e nacional), e no sistema educacional.


Realizações

Vídeo nas Aldeias construiu ao longo de sua trajetória um acervo de mais de 3.000 horas de imagens de 40 povos indígenas brasileiros e produziu uma coleção de mais de 70 vídeos, dentre os quais aproximadamente a metade é de autoria indígena. Falados em suas línguas originais, todos têm versão em português, e a maioria deles em inglês e em espanhol. Alguns já têm legendas em francês e em italiano.


Certas produções do Vídeo nas Aldeias participaram da divulgação da realidade indígena por meio de políticas públicas:

- 2006: vídeo “Iauaretê, Cachoeira das Onças” sobre o processo de tombamento da cachoeira de Iauaretê como Local Sagrado dos povos Indígenas do Rio Negro, em parceria com o IPHAN/ MINC.
- 2002: “Agenda 31” sobre a formação de agentes agroflorestais indígenas do Acre (CPI/AC), em parceria com Ministério do Meio Ambiente.
- 2000: série “Índios no Brasil” para a TV Escola, em parceria com o Ministério da Educação.
- 1998: vídeos da campanha de prevenção à Aids para áreas indígenas (para o Ministério da Saúde).

Vídeo nas Aldeias tem usado também o vídeo como instrumento político de intervenção em várias lutas do movimento indígena:

Na ocasião dos primeiros contatos com os índios isolados da Gleba Corumbiara em Rondônia, quando os fazendeiros e a própria Funai se negavam a reconhecer a sua existência, produzir imagens desses contatos e divulgá-los nacionalmente pela TV foi determinante para que a Justiça Federal ordenar a proteção dos índios. 20 anos depois, Vincent Carelli fundador do Vídeo nas Aldeias, finaliza em 2009 o documentário Corumbiara sobre essa busca de provas do massacre.
Através do filme Pïrinop, Meu primeiro contato (2007), o VNA apoia a retomada das terras tradicionais dos Ikpeng no rio Jatobá, no Xingu, Mato Grosso.
Para a luta histórica pela demarcação da área Raposo Serra do Sol, no Estado de Roraima, Vídeo nas Aldeias produziu dois vídeos que foram instrumentos importantes de campanha.
Ao mandar imagens da presença maciça de garimpeiros na área dos índios Nambiquara do Sararé para o Banco Mundial quando estava negociando um empréstimo com o governo de Mato Grosso, a desintrusão da área foi colocada como condicionante para a liberação dos recursos.

10 de março de 2010

Entrevista_ Paul Oliver e a Arquitetura de terra e a sustentabilidade

Arquitetura vernacular, arquitetura de terra e suas potencialidades sob o criterioso olhar do arquiteto inglês Paul Oliver


A entrevista que ora apresentamos foi realizada em novembro de 2006 durante o I TerraBrasil - I Seminário Brasileiro de Arquitetura e Construção com Terra e IV ATP – IV Seminário de Arquitectura de Terra em Portugal, pela primeira vez realizado fora deste país, na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil.

Em uma grata coincidência, foi neste evento que o arquiteto inglês Paul Oliver (1927) iniciou sua primeira visita ao Brasil, realizando um antigo sonho.

Oliver atua como pesquisador no Oxford Institute for Sustainable Development e é membro da Oxford Brookes University, da University of Exeter, e do Royal Anthropological Institute, além de ser membro do Comitê Científico de RehabiMed.

Este arquiteto é considerado um dos maiores especialistas em Arquitetura Vernacular do mundo, tendo editado em 1997 pela Cambridge University Press a “Vernacular Architecture of the World”. Esta obra é composta de três volumes e um total de 2500 páginas que agregam contribuições de pesquisadores sobre Arquitetura Vernacular de 80 países do mundo. Anos mais tarde, em 2005, editou o “Atlas Mundial de Arquitetura Vernacular”. Infelizmente suas publicações não estão disponíveis em português.

Há mais de 30 anos, Oliver se desloca e se aventura em distantes locais do planeta para resgatar e contextualizar elementos e referências históricas que são produtos de uma genuína expressão da arquitetura popular dos diversos povos, sejam africanos, asiáticos, europeus ou sul-americanos.

Paul Oliver foi também professor do Architectural Association de Londres por doze anos, além de Chefe do Departamento de Arquitetura da Oxford Polytechnic e Diretor de Arte e Design do Darlington College of Arts.

Com seus 81 anos e muita disposição, Paul Oliver viajou ao Brasil e teve realizado o sonho de poder fotografar e conhecer as favelas do Rio de Janeiro, após o encerramento do evento em Ouro Preto.

As atividades de Paul não se restringem ao campo das Artes e Arquitetura. Oliver é também uma referência na pesquisa histórica sobre o Blues e suas raízes.


O Professor Paul comenta que soluções satisfatórias para suprir a demanda mundial de habitações serão possíveis através do estudo, do apoio e da manutenção adequada do repertório mundial de arquitetura vernacular. Para ele, a arquitetura vernacular constitui uma fonte inesgotável de exemplos e referências que se caracterizam por sua simplicidade, além de agregar elementos naturais, econômicos e sustentáveis para as moradias.




Casa das produtoras de artesanato e adobes do Bichinho, Distrito de Valeriano Veloso, nas proximidades de Tiradentes. Foto Rosana Parisi



Rosana Soares Bertocco Parisi e Ana Cristina Villaça: Primeiramente, gostaríamos de saber sobre a sua carreira profissional, e por quanto tempo o senhor vem pesquisando a arquitetura vernacular. Quais são os motivos que o levaram a essa pesquisa?


Paul Oliver: Eu venho pesquisando “virtualmente” por toda a minha vida. Durante a 2ª Guerra, meu pai, que era arquiteto e trabalhava em casa, foi convocado para um “escritório de guerra”. Ele tinha que projetar novos edifícios, especialmente em lugares que foram bombardeados. Ele desenvolveu tecnologias de pré-fabricação para edifícios como solução rápida para os estragos causados pelos bombardeios. Como eu era um jovem estudante de artes, eu o ajudava com os desenhos dos locais afetados e com a extensão do dano. Então, eu me envolvi com as questões habitacionais desde cedo. Apesar de a minha carreira ter sido variada, comecei como artista e depois, como historiador de artes, até me tornar guia/palestrante público (public lecturer) na National Gallery e também na Tate Gallery em Londres por alguns anos, antes de ser admitido, em 1960, na Architectural Association para ministrar um curso de História. Mais tarde, fui Diretor da A.A. Graduate School. Mas sempre tive este interesse ligado à criatividade, cultura popular, artes, música e construções de diferentes culturas. Assim, viajei bastante para proferir palestras, lecionar e realizar pesquisas sobre estes temas em muitos países.

RSB/ACV: Fale-nos sobre a relação entre sua pesquisa e a arquitetura vernacular.

PO: Antes de tudo devo dizer que o objetivo de minha pesquisa é mais cultural que estrutural. Tenho interesse em povos indígenas e sua diversidade cultural. Ao estudar seus edifícios, tenho que entender os sistemas estruturais, mas como existem muitos projetos e muitas culturas, tento compreender a complexidade da cultura em relação com a produção estética, o que é fundamental para mim. Compreender somente os edifícios, mas não as suas motivações, os valores que as pessoas têm ao criá-los, não é, em minha opinião, compreendê-los realmente em sua totalidade.

Rosana Soares Bertocco Parisi e Ana Cristina Villaça: O senhor poderia nos dizer quais são as possibilidades para a Arquitetura com Terra como arquitetura sustentável? Como a arquitetura com terra resgata a identidade construtiva tradicional em muitos países e ao mesmo tempo reduz os impactos que a construção convencional tem causado por todo o mundo?


Paul Oliver: A terra é o material de construção mais largamente e naturalmente distribuído pelo mundo. Mas existem muitos tipos de solo e numerosas técnicas para usá-los, as quais sempre foram usadas espontaneamente, sem normas, durantes os séculos passados. Com a expansão da população mundial, o método tradicional de utilizar o tipo de terra prevalecente em cada região poderia e deveria ser resgatado. Esta prática poderia habilitar muitas culturas a construir de maneira econômica e encontrar o futuro potencial de suas respectivas identidades. Potencialmente, isto poderia reduzir o uso, culturalmente inapropriado, do concreto e do aço em todos os continentes.

RSB/ACV: Fale-nos sobre o papel do arquiteto em nossa sociedade e na difusão destas técnicas de construção com terra.

PO: Eu não acredito que arquitetos profissionais estejam interessados nas técnicas vernaculares ou em sua difusão. O que significa que se formos falar sobre o aspecto da difusão, é muito interessante, porque existem diferentes tipos de difusão, o que, em todo caso, é a transferência de tradições de uma cultura para outras culturas. Onde as tradições são criadas e o que elas são é tão importante quanto a difusão que não ocorre necessariamente. Para entender isto, há que se desenvolver, de certo modo, uma visão antropológica. O problema é que antropólogos, geralmente não se interessam por arquitetura, e eles usualmente evitam discuti-la. Então, sou sempre referenciado como um “antropólogo arquitetônico”, porque penso nas relações de uma arquitetura tradicional para a cultura que a cria, que é, fundamentalmente, importante. Mas não consigo passar esta mensagem para a maioria dos antropólogos. Ou, de fato, para muitos arquitetos, apesar de acreditar que eles possam trabalhar juntos para trazer a efetiva disseminação dos métodos construtivos que sejam apropriados para prevalecer as fontes e condições. E, mais que isto, para a natureza das culturas envolvidas.

RSB/ACV: Pela sua experiência, quais os possíveis caminhos para os arquitetos que projetam e constroem com terra?

PO: Ainda existem oportunidades para estes arquitetos, no uso da terra, madeira, e outros materiais, mas eles precisam estudar estas possibilidades com mais profundidade. Vejam, a construção com terra é o foco desta conferência, mas de fato, eu estava indo proferir uma palestra sobre construção com madeira, em uma conferência no México nestes mesmos dias em que estou aqui. Então, eu preferi estar aqui...

RSB/ACV: Sorte a nossa!

PO: ...Mas existem possibilidades de diálogo em qualquer estágio, e é por isso que estou aqui nesta conferência, para falar sobre a terra como material de construção. Na conferência a que vou em dezembro (IASTE 2006), em Bangkok, Thailândia, o tema será sobre as chamadas “hiper traditions”, ou seja, tradições que se tornaram exageradas ou fora de controle, qualquer coisa que se tenha tornado “extremo”, não necessariamente focado em um aspecto particular. A conferência será sobre muitas tradições extremas, o que difere de uma cultura para outra.

RSB/ACV: “Hiper materiais”?

PO: “Hiper tradições”: é o termo que eles usam para a conferência, mas não é um conceito estabelecido. Soa mais como uma tentativa de resumir o fato de que algumas tradições estão sendo extrapoladas. E neste ponto pode-se falar em “hiper-materiais”, se, por exemplo, tudo o que existe em uma edificação for feito de chapa de metal corrugado. A terra também pode ser tornar um hiper-material, se seu uso ou aplicação for desnecessário ou inapropriadamente aplicado. Se os arquitetos se informarem melhor sobre este e outros materiais, e técnicas nas quais as culturas estão envolvidas, frequentemente por séculos, eles podem usá-las com grandes vantagens. Aí, então, poderão festejar o resgate dos métodos vernaculares e sua aplicação no século atual.



 
 
Leiam a entrevista na íntegra no site http://www.vitruvius.com.br/entrevista/oliver/oliver_3.asp



---
Gabriela de Matos.

8 de março de 2010

o desejo pego pelo rabo

pablo picasso, gênio da pintura, a personificação da vanguarda plástica, explorador da totalidade das linguagens revolucionárias.
escreveu três peças teatrais: Les Quatre Petites Filles, L'Enterrement du Comte D'Orgaz e O Desejo Pego pelo Rabo (única publicada no brasil). 
escrita em 1941 envolto à segunda guerra, ao regime nazista e à perseguição dos subversivos na frança onde habitava. 
o quotidiano e o absurdo, a aventura literária e o erotismo- o desejo pego pelo rabo.
alguns anos depois de escrita, a peça foi lida num encontro na casa de picasso, por ele, sartre, simone de beauvoir, lacan,  camus e outros grandes companheiros de correnteza, além do cachorro de picasso (que também compôs o "elenco").
foi encenada pela primeira vez 26 anos após ser escrita.

pela democratização da escritura publicada, pelo prazer do texto e vivência da magia, está aqui a convocação à todos ao grande mistério e encanto de picasso.




(ana pedrosa