retorno à cidade que resido e me angustio da saudade de ser família e da felicidade em simples momentos- onde tudo parece funcionar em outro tempo e lógica, onde tudo obedece a outras cifras ou deturpa todas elas.
aqui, venho com o propósito de construir o que me proponho na vida: a arte, e suspender a casa aberta em que ela deve residir, acolher e expulsar. nessa cidade onde vivo, vivo e construo meu teatro: minhas relações, meu cotidiano, minhas obrigações, meus propósitos, minha fala e minha vida.
é desse teatro cotidiano que venho hoje lhes dizer: a trivialidade contém o pensamento, as decisões certamente têm a veracidade de quem você escolhe ser e como deseja HABITAR o mundo.
em todas as estruturas existem lacunas e são nelas que PODEMOS fazer e enxergar manifestações que subvertem as versões que cotidianamente e sistematicamente nos são dadas e abortadas.
nesses dias em repouso assisti a um programa comercial gravado, televisionado e encontrei uma apresentação feita pela atriz marília pera.
muito do que estudo e espero para o teatro estava ali. resolvi não tentar repetir esse gosto e lembrar desse paladar como ficou marcado em mim. (portanto, correr o risco de dá-lo a vocês, sem me certificar racionalmente do quão era bom).
correr riscos me apetece e tenho uma enorme preferência pelo gozo carnal da manifestação artística do que pela análise extremista e padronizada. sim, minha carne tremeu e devo lhes dizer que sou amante desse teatro: o teatro que pulsa a carne, que liberta a emoção e que improvavelmente está em lugares que visivelmente ou superficialmente não habitaria: é preciso abertura para enxergar e sentenciar à vida.
e minha mãe gozava a existência.
(ana pedrosa
Um comentário:
maravilhoso, maravilhosa
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