13 de janeiro de 2010

Lynch e a Contemporaneidade das Cidades.

Este não é um post de continuação. Mas não sei onde na arquitetura e no urbanismo, podemos dissociar uma coisa da outra. As coisas estão interligadas. Não vou ficar sinalizando onde os assuntos se cruzam, esse é o papel do leitor/observador. Ver/Ler, Observar, Analisar e Associar.


Em um post passado, falei sobre a percepção que temos da cidade enquanto habitantes, que circulam por ela no dia-a-dia. Eis um cara que analisou esta percepção a fundo: Kevin Lynch.

Kevin Lynch foi professor de city-planning do M.I.T(Massachusetts Institute of Technology). Em sua formação intervieram diversas disciplinas.

Estudou arquitetura com F.L. Wright, fez estudos de psicologia e de antropologia, que o levaram a uma abordagem nova do problema urbano.

Voltou particularmente a atenção para o ponto de vista da consciência perceptiva. Limitando-se voluntariamente ao campo visual.

“A Imagem da Cidade” foi publicado em 1960 e é o seu livro mais famoso. É o resultado de cinco anos de estudos analisando como as pessoas percebem e armazenam informações de forma aleatória enquanto trafegam pela cidade.

Bom, o que eu vou apresentar pra vocês aqui são conceitos do Kevin Lynch sobre o que é o urbanismo. Conceitos extremamente contemporâneos e aplicáveis para as nossas cidades.
Primeiro ele diz que o urbanismo é uma arte diacrônica, porém diferentes das outras artes temporais, como a música, por exemplo. “As seqüencias são invertidas, interrompidas ou cortadas, de acordo com as ocasiões e os indivíduos que as percebem. Além disso, a cidade é vista sob todas as luzes e em todos os tempos”.


Diacrônico:
1 relativo à diacronia
2 Derivação: por extensão de sentido.
relativo ao estudo ou à compreensão de um fato ou de um conjunto de fatos em sua evolução no tempo

O conceito de legibilidade surge quando Lynch examina a cidade americana em seu aspecto visual, identificando a imagem mental que seus habitantes tem dela.

“Queremos designar por legibilidade a facilidade com que suas partes(da cidade) podem ser reconhecidas e organizadas segundo um esquema coerente.”

Uma cidade legível seria então uma cidade cujos bairros, ou monumentos, ou vias de circulação, são facilmente identificados e bem integrados num esquema global de organização/configuração.

Lynch então, de forma pratica e sucinta, classifica a imagem da cidade em cinco tipos de elementos que irei transcrever pra vocês e ilustrar com imagens recentes de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro. Vale ressaltar que essa classificação feita por Lynch é muito fácil de ser percebida no dia-a-dia enquanto circulamos pela cidade. A seguir vocês entenderão do que eu estou falando.

1. Os caminhos
Ruas, calçadas, passeios, canais
Estas são as vias pelas quais o observador circula de modo habitual, ocasional ou potencial. Podem ser ruas, calçadas ou passeios, linhas de transito, canais ou vias férreas. Para muitas pessoas, estes são os elementos predominantes de sua imagem da cidade; observam acidade enquanto circulam e organizam ou relacionam os outros elementos do meio ambiente aos caminhos.






                                                 Av. Afonso Pena, Belo Horizonte, MG


2. Os Limites
Rios, muros, loteamentos
Estes são os elementos lineares que não servem ou não são considerados como caminhos pelo observador.
São as fronteiras entre duas fases (...)
Estes limites, ainda que não desempenhem o papel predominante dos caminhos, constituem para muitos cidadãos um importante fator de organização e servem especialmente para manter a coesão de zonas inteiras.


                                                         Rio Arrudas, Belo Horizonte, MG
3. Bairros
Personalidade dos bairros
O observador sente quando penetra no seu interior e os reconhece por sua forte identidade. Sempre identificáveis a partir do interior, podem também servir de referencia exterior, e forem visíveis de fora.


Bairro Santa Tereza, Rio de Janeiro, RJ
4. Nós
Ramificações, cruzamentos, abrigos
Trata-se principalmente das ramificações, dos pontos de parada dentro do sistema dos transportes; dos cruzamentos ou pontos de convergência dos caminhos; dos lugares de passagem de uma estrutura a outra.



Praça 7 - Encontro Av. Amazonas com Av. Afonso Pena, BH, MG.



5. Pontos de Referência
Edifício, sinal gráfico, acidente geográfico
Constituem um outro tipo de ponto de referência; mas o observador não pode penetrar neles, permanecem exteriores a ele. Trata-se normalmente dos objetos físicos que podem ser definidos com muita simplicidade: edifício, signo, loja, montanha. Sua utilização supõe a escolha de um elemento entre muitos outros possíveis.



                               Igreja de São Fancisco de Assis, Pampulha, Belo Horizonte, MG.


Por hoje irei falar somente isso sobre o Kevin Lynch mas sua teoria é vasta e volta e meia tornarei a citá-lo aqui.
Fiquem atentos!

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Gabriela de Matos.




bibliografia: 
CHOAY, Francoyse. O Urbanismo.São Paulo: Perspectiva, 1979. p. 307-319.



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