1 de janeiro de 2010

atenta aos símbolos que sou

Atenta aos símbolos que sou – escrevi os devidos desejos/
Pois o verbo não pode ser omisso e iemanjá –a rainha do mar-
tem amor pela escritura, assim como eu.
Inauguro dois mil e dez com a força da ressaca marítima, que as vezes nos põe perplexos a comungar o belo, sem que precisemos invadir.

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1

Eu não enjôo quando vejo o mar
Deslumbro como quem não tem memória da imensidão
E como quem não processa a profundidade.
Serrei os olhos enquanto boiava para não perder a beleza escorregaria e ligeira do céu –
Saí ao contrário do costume, pois nunca me esqueço de não dar as costas pro mar.

2

Não fotografei com objetividade a bahia/ nem julguei o que era vulgar e deveras demasiado amargo para meus olhos/
Apenas traguei os fatos com a tolerância que me foi concedida pra que eu sobrevoasse as sete ondas profeticamente em favor do bem.


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Para não cometer atrocidades, compartilho agora um espasmo literário
de meu curandeiro e grande amigo Scalia:

do par, a parte que te cabe
não me cabe tocar não
pra quê de arredontar o exato?
tu já desata o tino à perfeição

ei, vamos brincar
desatinar o tido par é fácil
é só recontar e um dois do par virá dois um
eu vou retocar e um dois virará dois um

do par, a parte que me toca
não te toca caber não
pra que de arrebanhar o vasto
se eu já desvendo encanto à imensidão

vem, vamos brincar
desinventar o dito par é fácil
é só remontar e um dois do par virá dois um
eu vou retomar e um dois virará dois um

você é tão...
não sei te definir
é como luz brincando cor
se o par é um dois ou se ele é dois um
melhor brincar de sermos duns

por dar que é arte o desembaraçar
ser embaçando em tal questão
talvez eu trace exatamente vasto
o canto de tocar cabendo não



(mariana de matos)

Um comentário:

JF disse...

"se o par é um dois ou se ele é dois um melhor brincar de sermos duns"

D+