28 de dezembro de 2009

teatro_ performance_ vitalidade

pensei em, após artaud, apresentar um ato/ação contemporâneo que se relacione, traga ou coloque de alguma forma, a partir de sua manifestação, a natureza das proposições estéticas feitas pelo Teatro da Crueldade.

em novembro desse ano tive a oportunidade de assistir a uma palestra/performance/ação de clarissa alcântara.
clarissa é filósofa, mestre e doutora em literatura, professora no curso de artes cênicas da UFOP e, nessa ação, apresentou-nos seu objeto/tese teatrodesessência/corpoemaprocesso.
(a performance é uma linguagem muito estudada por diversas áreas do conhecimento e tida como híbrida por carregar características tanto do teatro quanto das artes plásticas).

durante esses dias, pensei numa forma de narrar ou descrever aqui a apresentação de clarissa e, em vez de me frustar ou desistir desse texto pela impossibilidade que encontrei em o fazer assim, resolvi colocar algumas das percepções que tive e que me envolveram durante e após essa apresentação.
clarissa não 'obedece às regras' e por isso não seria justo ou possível subordiná-la a nomenclaturas ou discriminadas descrições.

clarissa desconstrói o sentido, formato e representação da tese, a materializa em rolos de tecidos que encobre e descobre o corpo, 'evoca' artaud, deleuze, guattari (e outros grandes nomes que me faltam à memória), cita nietzsche, balbucia, geme, silencia, grita e questiona: o lugar das coisas, a perenidade e fragilidade delas, o tormento e o desassossego em saber e lidar com elas.
traz uma carga que emana no ambiente e dificilmente permite deixar alguém ileso.
não se fazem necessários pré-requisitos grandes e elaborados para assisti-la, se envolver e sentir-se cúmplice. clarissa conta com o corpo e o movimento para lidar com emoções e sensações do ser (e do estar).

o teatro é essa colocação do ser no espaço e é também a contaminação do ambiente e do outro.
a vitalidade e a verdade é o que dão voz e sentido à arte, o que a faz clara e “amiga”.

'o desejo exprime-se por uma carícia, tal como o pensamento pela linguagem'
jean-paul sartre




(ana pedrosa

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