ainda da coletânea EIS-ME AQUI, BRUTO!, um texto (palavra poema?) do certeiro Aristides Klafke
que me encantou quando o encontrei, ainda pequena, perdido na biblioteca da sala de meu pai, e
pelo qual hoje manifesto muito carinho.
AMANHÃ (para beta hermano)
amanhã iremos novamente à casa de alguns amigos
que não saem mais de casa e são paranóicos
falaremos de arte de comida e de jogo de damas
provavelmente não comentaremos os exageros
dos animais invertebrados
nem ligaremos para os tímpanos arrebentados
de um prisioneiro sem nome
esqueceremos pêndulos guilhotinas e garrotes
e não justificaremos nossas ausências.
apenas tragaremos álcool e fumo na noite
dos facínoras
depois suportaremos as sensações provocadas
pelas estacas e clavículas fincadas
nas calçadas e como porcos incólumes afirmaremos
nossas esperanças ao atravessarmos
ruas repletas de matilhas e ciladas.
amanhã mataremos nossos filhos de susto.
(mariana de matos)
Um comentário:
Adoro este texto, lemos ele na sua casa lembra?
Postar um comentário