18 de agosto de 2010

Dos coletivos, Do COBRA e Da importância da arquitetura se envolver com a cultura.

Refletindo sobre o papel desta coluna neste blog e sobre o meu papel como arquiteta e urbanista no grupo, descobri que essa não é a primeira vez – definitivamente não, e nem será a ultima vez que a arquitetura se envolve em discussões que vão além das suas próprias questões arquitetônicas.


Estamos vivendo no Brasil, de forma clara e evidente, uma nova tendência. Os tais coletivos. Estas pessoas de uma mesma área, ou não, que se juntam por um mesmo objetivo.

Coletivos de arte, de música, de teatro, de design. Todos trabalhando em suas áreas, paralelamente ao governo, já que quase não conseguimos apoio destes pra nada.

O que é claro pra mim, é que estes Coletivos se fazem, se juntam, e a coisa está para tomar proporções gigantescas. A força que a coisa vem tomando é bonita de ver e ao mesmo tempo assustadora.

É preciso que fiquemos atentos as novas propostas que vem surgindo por aí. Sempre questionando de forma inteligente o que nos é proposto. Já ficou claro que todos(Coletivos) juntos temos uma grande força mas que deve ser usada de forma inteligente e mais aglutinadora possível.

Falando em coletivos... o COBRA.

Para que meus amigos arquitetos entendam a importância de se envolver com a cultura no nosso país, quero dar este exemplo.



COBRA



No vazio cultural sem precedente que surgiu depois da guerra... no qual a classe dominante empurra cada vez mais a arte para uma posição de dependência... nos vemos às voltas co uma cultura de individualismo, que é condenada pela mesma cultura que a produz, uma que sua convencionalidade se opõe ao exercício da imaginação e do desejo, e impede a expressão vital... Não poderá haver arte popular enquanto formas de arte forem historicamente impostas, mesmo se concessões como participação ativa sejam feitas ao público. A arte popular se caracteriza pela expressão vital, que é direta e coletiva.


Uma nova liberdade está para nascer, uma liberdade que permitirá às pessoas que satisfaçam seus desejos criativos. Como resultado desse processo, a profissão de artista não mais ocupará uma posição privilegiada, e é por isso que alguns artistas contemporâneos resistem a ele. No período de transição, a criação artística se encontra em guerra com a cultura existente, ao mesmo que anuncia uma futura cultura. Com esse aspecto dúbio, a arte tem um papel revolucionário na sociedade.

Neste trecho contem mais ou menos o que viria a ser a luta do COBRA.

Dotremond(1922-1981), figura-chave do movimento COBRA, criou o nome com as iniciais das cidades Copenhague, Bruxelas e Amsterdã.

O COBRA foi constituído em 1948, depois de seis dos seus membros abandonarem uma discussão que eles julgavam superficial demais na conferencia no Centro Internacional para a Documentação da Arte de Vanguarda em Paris.

Os seis de encontraram em um café e uma declaração foi escrita por Dotremond(“a única razão para manter a atividade internacional é uma colaboração experimental e orgânica, evitando teoria estéril e dogmatismo”) e foi assinada pelos seis.

De sua formação inicial, o COBRA cresceu para um número de mais ou menos cinqüenta poetas, pintores, arquitetos, etnólogos, teóricos, de dez países diferentes.

As atividades do coletivo eram pautadas em cobrir reuniões, exposições, intercâmbios e a produção da revista COBRA.

Um dos maiores projetos do movimento foi a criação do conceito de um novo ambiente urbano, se opondo à arquitetura racional de Le Corbusier.

Em um artigo no primeiro número da Revista COBRA:

... edifícios não precisam ser esquálidos ou anônimos nem devem mostrar-se como peças de museu; em vez disso, devem unir-se uns aos ouros, integrando-se ao ambiente para criar “cidades” sintetizadas para um novo mundo socialista.

Ou seja, muda todo o entendimento de urbanismo e surge o urbanismo que entendemos hoje como o correto a ser feito nas grandes cidades. Um urbanismo aglutinador. Por exemplo, o contrário do que foi feito em Brasília - que com a idéia de criar uma cidade para todas as classes, acabou as distanciando ainda mais.

O COBRA acabou se dissolvendo, virando outros grupo que mais tarde viemos a conhecer como Internacional Letrista, Internacional Situacionista e por aí vai.

Aí é assunto pra um outro post, meus caros.

Hoje fico por aqui.

É bom retornar a este espaço FLUXO.

Grande abraço!



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Gabriela de Matos.

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