O Teatro Oficina foi criado em 1958, pautado numa politização da construção estética e a partir do desejo de se inaugurar no Brasil um teatro que entendesse e se fizesse entender de uma nova forma: um teatro mais difundido socialmente; livre de mitos separatistas e elitistas que o ordenasse; e que trouxesse a experiência cênica internacional. O Teatro Oficina foi um marco na concepção teatral brasileira, uma subversão de um teatro imposto e uma abertura pra uma verdadeira forma de ação social.
Um de seus fundadores foi o dramaturgo José Celso_ personalidade emblemática na formação do Oficina. Com construção sistematicamente coletiva, o Teatro Oficina, desde a década de 60 construiu-se um grupo de atividades fundidas: teatro, cinema e música; em cursos, seminários, debates, eventos, publicações e manifestações públicas.
Na década de 60 o Teatro Oficina foi o porta-voz da instauração do movimento tropicalista e, junto à Tropicália foi o grito antropofágico da década que padecia sob a repressão do AI-5, no governo militar.
O presidente militar Garrastasu Médici prometeu que dentre as maiores desgraças que fariam no Brasil com a ditadura militar seria acabar durante pelo menos 30 anos com a cultura brasileira (em conversa com amigos, nos lembramos disso a poucos dias), porque eles sabiam que um povo não se desenvolve sem a consciência cultural e então pode ser suprimido por toda e qualquer repressão: o poder, a peste. Ainda assim, o prédio do Oficina, construído pela arquiteta Lina Bo Bardi foi tombado em 1982 e por conta de sua arquitetura propositadamente e obviamente resistente, é hoje um patrimônio cultural_ símbolo da transformação e resistência da produção de arte, conhecimento e consciência no Brasil:
As atividades do Oficina estão firmes e fortes e José Celso não cai jamais!
(Em momentos aparentemente mais decisivos por conta de escolhas governamentais, esperamos sempre mais braveza, por isso viemos celebrar o Oficina. No entanto essa é uma mensagem atemporalmente ativa e estamos aqui porque acreditamos na recuperação coletiva cultural do Brasil e não há quem nos faça desistir disso.)
AXÉ!
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