18 de março de 2010

Júlio Bressane

Diretor, produtor, roteirista, montador e compositor.
Nasceu em 13 de fevereiro de 1946 na cidade do Rio de Janeiro.
Um dos líderes do movimento do Cinema Marginal do Rio de Janeiro, Júlio Eduardo Bressane de Azevedo desenvolveu um estilo próprio de fazer filmes os quais não seguem uma narrativa convencional e têm um movimento de câmera incomparável. Sua obra é notadamente influenciada por Orson Wells e Jean-Luc Godard.


"Cara a Cara" (1967) é bastante marcado pelas preocupações e a estética do Cinema Novo, em especial por "Terra em Transe" (1967, dir. Glauber Rocha). Em 1969, dirige "O Anjo Nasceu" e "Matou a Família e Foi ao Cinema" nos quais a ruptura e a distância com "Cara a Cara" são grandes. A fragmentação narrativa é acentuada e a preocupação com a representação da estória é abandonada. O universo ficcional é elaborado em proximidade com a banalidade da vida dos personagens, não se constituindo a partir da intriga.
Bressane funda em 1970, no Rio de Janeiro, juntamente com Rogério Sganzerla a produtora de vida efêmera Belair, que produziu seis longas-metragens em três meses de existência. Na Belair, Bressane dirigiu "Barão Olavo, o Horrível" (1970), "Família do Barulho" (1970) e "Cuidado, Madame" (1970).


Por causa de perseguições políticas, o cineasta abandona o Brasil em março de 1970 levando os negativos de "Cuidado, Madame" para a Europa, onde termina a montagem e a revelação. Bressane fica exilado três anos em Londres, onde realiza "Amor Louco" (1971), Memórias de um Estrangulador de Loiras" (1971) e "Lágrima Pantera" (de 1971, filmado em Nova Iorque). Passa também um tempo no Marrocos, dirigindo "A Fada do Oriente" (1972). Em 1972, viaja de carro até o extremo oriente, cenas desta viajem podem ser vistas em "O Monstro Caraíbas" (1975).

Tom destoante, busca do novo e repúdio às concessões são traços predeterminantes da obra de Júlio Bressane de 1975 a 1980. Aqui, o que surpreende e garante lugar de destaque para o cineasta é a regularidade da produção, combinada com a deliberada postura de permanecer de costas para platéias maiores. Filmagens rápidas, utilização de material filmado em 16 mm e um cinema com tendências artesanais é o que faz este diretor.
Após a fase mais aguda do Cinema Marginal, Bressane filma "O Rei do Baralho" (1974), "O Monstro Caraíbas" (1975), "Agonia" (1977), "O Gigante da América" (1980), "Cinema Inocente" (1980), "Tabu" (1982) e "Brás Cubas" (1985). Estas são obras que mostram um relacionamento com a prática cinematográfica equivalente ao mais livre trabalho poético de outras áreas artísticas, centralizando a inventividade e o questionamento da linguagem. O cinema como moderno jogo de sombras, as aproximações da imagem cinematográfica com a pintura e a poesia, a revelação incessante do processo de filmagem, a dissolução completa da estrutura narrativa clássica permeiam o cinema de Bressane. Em "Tabu" há uma maturidade de um criador que não recuou um milímetro em suas concepções estéticas, mesmo produzido com recursos do Estado. O cineasta volta a retrabalhar a magia do cinema, lançando mão de velhos recursos - como cortes desconcertantes ou a exposição do diretor batendo claquete - mas revela um aprofundamento plástico, obtido com movimentos de câmera.

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