15 de fevereiro de 2010

teatro/carnaval/maracatu rural


conversava com minha mãe esses dias sobre o momento certo de se colocar as coisas, o discernimento para falar de cada uma delas e a perda em não problematizá-las.
durante minha graduação descobri muitas histórias guardadas que me atormentavam- desvendei muitas delas e me afastei rigorosamente dos enganos que persiste a arte em manter como imagem e verdade.

não tenho a intenção de convencer ninguém da verdade que enxergo e que me aproxima da enorme magia da qual sobrevive a arte.
quero mostrar sutilmente (por vezes nem tão sutil assim) escondidos e empoeirados olhares.

chegou o carnaval e estou na terra em que nasci e que hoje me parece tão minha como nunca antes.
santos dumont é uma cidade aparentemente bem feia (desigual, suja, drogada e dominada pelo lixo midiático).
o carnaval daqui é herança do rio de janeiro, por isso temos uma pequena marquês de sapucaí.
estou sensivelmente tocada pelas raízes que nunca chegaram a me encostar- vovô fundou saudosa palmira, uma escola de samba que pertence hoje aos três bairros mais pobres da cidade. o desfile foi a absoluta vibração, foi a palavra resistência berrando pela avenida.
santos dumont é uma cidade sofrida, vem de uma história muito densa, que envolve muitas ordens construtivas (a política, a religião, a perseguição, a espiritualidade, a luta e as classes).
mamãe está convicta de que esse é o momento de colocar de onde a arte brasileira nasce e como assim ela resiste e vive. eu acredito em mamãe e sigo seu conselho.
é ingenuidade pensarmos que no brasil a obra-prima faz o sentido que faz ou fez no exterior.
é puritanismo acharmos que essa dita obra provém de um grande gênio.
é ortodoxo lidarmos com a arte brasileira, portanto, separando-a de onde ela nasce, de sua natureza popular.
nós somos uma nação sem gravata- colocou glauber, afirmou di, guignard, samico e tantos tantos tantos outros.
não se trata de nacionalismo barato- estamos numa grande esfera e é magnífico que nos contaminemos por cultura de toda natureza, desde que essa(s) não nos suprima.
onde falta a uma arte os alicerces das realidades correspondentes, ela é ornamento, entretenimento, ou mais fingimento.
clurman

o maracatu rural é uma manifestação nordestina pernambucana que carrega rituais descendentes. no carnaval saem pelas ruas e provocam o embate da lança.
esse é meu post da semana sobre Teatro.
QUEM SEGURA O PORTA-ESTANDARTE TEM A ARTE:





(ana pedrosa

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