29 de janeiro de 2010

boletim boliviano n. 1

antes de transcrever uma pequena parte de minhas atuais anotaçoes, devo situar-me para que vocês consigam localizar meu texto no trânsito descrito.

TRAJETO PERCORRIDO: DO DIA 24 AO DIA 29:
Belo Horizonte > Santa Cruz de la Sierra > San Ignacio de Velasco > San Ramón > Trinidad > San ignacio del Morro (onde me encontro no momento deste texto, e por advento da falta de luz habitual até as seis horas da tarde, escrevo as 8:20pm / - 2h no horário de brasília).

anotaçoes a respeito do texto falado/escrito:

1
ainda nao sei por que hablamos a língua de nossos colonizadores.

2
v=b Y b=b
soy almost uma boliviana, solo ño tenho traços indígenas.

3
moisès disse que a maioria de cantadores de reggaeton sao portoriquenhos,
e que aqui na bolívia tem teatro que faz rir por temporada.

4
como os analfabetos fazem para escrever o que sentem? símbolos?

5
me pergunto agora se todos os estrangeiros sentem-se tao estrangeiros como me sinto agora.
e ainda como eu, quase nunca sentem fome, por comer/engolir tanto as nossas habituais palavras.
penso que o mal da altitude nao està relacionado com a altura, e sim com a falta de ar advinda
da vertigem de nao conseguir se manifestar em outra lìngua.

6
as placas dos veìculos bolivianos nao tem distinçao de departamento (como chamam os estados).
essa distinçao nos torna cada vez mais seguros para e por ter-nos fragmentado¿

7
as cigarras da bolìvia cantam as mesmas mùsicas-na mesma lìngua que as cigarras do brasil.

8
se eu nao aprender a falar español em 7 dias, vou enlouquecer.

¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿
anotaçao relativa ao dia 29/01/2010 : ou o pedaço de uma narrativa =

pelo rato, banho gelado e sem ventilador, nao conseguimos pagar menos que 100 bolivianos, e aqui
estamos na parada de flotas, que nao há flotas, por conta desta estrada. vamos para san ignacio del
morro, do que eles chamam com segurança e naturalidade de caminhoneta, e eu certamente chamo de
transporte do êxodo rural. espero contudo, que esta experiência normalmente entitulada antropològica
me renda boas fotografias. a caminhoneta passa por um rio, e nem mesmo em meus desejos mais
obscuros, vislumbrei tamanha distinçao entre a estética brasileira e boliviana de viagem. mas, BAMOS.

ññññññññññññññññññññññññññññññññññññññññññññññññññññññññññññññññññññññññññ

na bolívia, na medida em que nada é, tudo pode vir a ser.
o puleiro do êxodo rural passou lotado, e de repente nao se tinha mais lugar para dois estrangeiros
(assim como nao tinha para os bolivianos, necessito dizer).

///////////// pausa para digerir a impossibilidade de sair no momento da cidade //////////////////////

na mesma velocidade de uma suposta notícia ruim, eis que surge a novidade, e me ponho a narrar daqui,
do pátio (hangar) de avioes (ou como chamam: avioneta).
sairei em pouco tempo, em um aviaozinho charmoso caseiro por míseros 10 reais a mais = mais ou menos
40 bolivianos. a cada segundo que se passa, me sinto mais perto da certeza, que a poesia está contida no trânsito, e deve-se estar a postos para a magia que há na surpresa. SI ¿


hasta luego______________________________________________________________________


observaçao 1: o teclado da bolivia tem a acentuaçao diferente do brasileiro, portanto deve-se desCONSIDERAR possíveis erros.

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