1 de outubro de 2010

poética da tradução um: início

poética da tradução um: início

há muitas distintas vertentes a respeito do exercício da tradução da poesia.
alguns severos crêem na impossibilidade de se traduzir um poema, me fazendo ser triste ao pensar que poderia não ser possível conhecer mallarmé. outros, levianos, assassinam sem pudor o poema, e castra o leitor do traduzível de ter a experiência poética gerada pelo autor. eu? mesmo que não há quem queira saber, insisto na sentença da tradução como uma transformação que precisa dum sujeito de coragem, que se lance para dentro do texto a fim de resgatar e ampliar as fronteiras dum poema que outrora reinava em uma só língua. não se trata duma balança, duma só responsabilidade cultural, dum respeito medroso duma língua. tradução é um outro desejo. este mês, entraremos num espaço de interseções em que não me posicionarei de forma que minha fala sobreponha o poema. por que? porque o comentário é menor que o poema.

“Todo texto é único e, é, ao mesmo tempo, tradução de outro texto. Nenhum texto é completamente original porque a própria língua, em sua essência, já é uma tradução: em primeiro lugar, do mundo não - verbal e, em segundo, porque todo signo e toda frase é a tradução de outro signo e de outra frase. Entretanto, esse argumento pode ser modificado sem perder sua validade; todos os textos são originais porque toda tradução é diferente. Toda tradução é, até certo ponto, uma criação e, como tal, constitui um texto único.” Octavio Paz.

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