pelo amigo que dedicou a si os mesmos versos
que dele fazem parte como a morada
pela vida que se dedica a cumprir o ofício da arte
ao desassossego dos dias
ao desejo da estrada
ao prazer do texto
ao inescapável/inesgotável teatro das horas
à emoção da eterna e insaciável construção
pelo presente que me trouxera
como se de minhas mais profundas terras viesse
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de quantos ofícios há no mundo,
o mais belo e o mais trágico é o de criar arte.
é ele o único onde um dia não pode ser igual ao que passou.
o artista tem a condenação e o dom
de nunca poder automatizar a mão, o gosto, os olhos, a enxada.
quando deixa de descobrir, de sofrer a dúvida,
de caminhar na incerteza e no desespero- está perdido.
(miguel torga)
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