Hoje falarei sobre algo que está bastante ligado à arte. A vida.
Perdi uma grande amiga hoje, fiquei atordoado. Corri para procurar passagens, não conseguia acreditar. Não dormi à noite, pensando, esperando para poder me despedir dela. Aprendi com o tempo que rituais tem sua importância.
Finalmente consegui pegar o avião que me levaria à Vitória. O céu estava cinzento, diziam que nosso aeroporto de destino estava fechado pelo mal tempo. Mesmo assim decolamos, e quando tomamos altitude suficiente foi como um grande peixe emergindo de águas escuras para um grande mar branco. Acima das nuvens estava tudo tão claro e calmo, senti uma grande paz. E pensei que não existia nenhum problema na face da terra que não pudéssemos resolver, basta não desistir.
Infelizmente abaixo dessas nuvens um temporal caía sobre Vitória e não foi possível me despedir da minha querida. Não sei porque as coisas acontecem, mas as vezes não temos controle sobre nada, e simplesmente temos que aceitar.
A arte foi criada para se comunicar, para expressar, e ou realizar ritos sagrados, deixar gravado algo que extrapola o nível de consciência humana. Mas também a beleza das artes serve para acalentar os corações e trazer recordações. Assim quando vemos algo belo, sentimos serenidade, quando ouvimos uma música que nos agrada, nosso coração ascende, lembrando de uma época boa. Acredito ser esta a verdadeira importância da arte.
Cheguei em casa e coloquei um cd velho, que escutávamos juntos quando íamos para as cachoeiras de Matilde, e dormi.
JFBrittes
6 de março de 2010
4 de março de 2010
vídeo guerrilha – a nova ordem digital
Em 2007, o Brasil rompeu a barreira de 100 milhões de celulares em funcionamento, passando a ocupar a 5a posição em celulares vendidos no mundo. Esse foi um dos marcos iniciais da transformação pela qual passa a sociedade brasileira quanto ao modo de transmitir e consumir informação. Gilson Schwartz, economista, sociólogo e professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) fala sobre algumas questões envolvidas na construção da nova ordem digital.
3 de março de 2010
arquitetura cenográfica.
A cenografia pode ser considerada uma manifestação espacial que transita na linha tênue que existe entre a arquitetura e a arte.
Por muitos anos, e ainda hoje, o palco italiano era a estrutura inerente a própria idéia de teatro.
É inegável o conforto acústico e a extrema praticidade e funcionalidade do palco italiano.
Porém, os tempos são outros. O teatro se modificou e o palco italiano não acompanhava mais as exigências do novo teatro.
Para explicar melhor o rumo que a cenografia tomou depois da exaustão do palco italiano,
transcrevo para vocês trecho do artigo Teatro da Vertigem e a Cenografia do Campo Expandido de Cristiano Cezarino Rodrigues.
(...)O lugar teatral é onde se estabelece a relação cena/público, que não se limita somente ao edifício teatro, mas a qualquer lugar onde se possa estabelecer esta relação. “O lugar teatral é composto pelo lugar do espectador e pelo lugar cênico – onde atua o ator e acontece a cena” (3). O conceito de lugar teatral introduz uma associação, em certa medida, orgânica entre a cenografia e a arquitetura teatral tornando-os indissociáveis, uma vez que são manifestações de questões do homem no espaço.
A cenografia é concebida e definida tendo como um dos seus pontos de partida a arquitetura na qual está inserida. Pode-se afirmar, também, que a arquitetura teatral é definida a partir das concepções espaciais próprias da cenografia. Constata-se, então, que a idéia de lugar teatral, por ser mais abrangente, é mais adequada e extremamente útil tanto para o entendimento da produção da cenografia contemporânea, quanto para o estudo da cenografia através dos tempos. Desta forma, amplia-se o horizonte de análise à medida que não se busca apenas o décor do espaço, mas o espaço em si.
A constituição do lugar teatral no trabalho do Vertigem não se baseia em recriar espaços, como no Cinema, mas, sim, em aproveitar os já existentes, mantendo sua carga semântica e, ao mesmo tempo, transformando-os. O espaço é “vestido” com as referências de domínio público no intuito de se revelar as relações entre a peça e o espaço, ampliando, consideravelmente, o lugar onde se estabelece a relação cena/público.
O que norteia o trabalho de expansão do lugar teatral, de configuração de uma cena híbrida é a pesquisa de novas formas de interferência na percepção do espectador, de recepção do público, de concepção de um teatro que seja capaz de dialogar com as novas demandas do mundo contemporâneo.
Ao reduzir a distância entre a cena e o público, o nível de entropia da relação amplia-se, o campo de possibilidades de intervenção expande-se e investir neste processo configura-se como um risco, contudo, calculado. Risco por que trabalha com conceitos próximos aos da Teoria do Caos, onde o aleatório e o imprevisível aparecem, são variáveis presentes, onde a ordem é outra e a previsibilidade da resultante produzida (ou provocada) pela relação entre a cena e o espectador é indeterminada. A relação direta que era estabelecida entre a cena e o público espectador desaparece, a intensidade da relação deriva para o ponto de vista de cada indivíduo.
Uma vez inserido no contexto, no espaço de atuação e encenação, o espectador co-participa da peça, dialoga com o processo com uma intensidade diferenciada, estabelecendo um novo espaço, onde sua consciência é ampliada e sua experimentação aproxima-se dos seus limites. A relação que se estabelece está, consideravelmente, ligada ao despertar do indivíduo e não à sua hipnose.
A cena híbrida que reúne em uma mesma superestrutura simultaneamente o espaço arquitetônico, o espaço cênico e o espaço artístico, superpõe várias camadas de sentido, criando leituras subliminares que ampliam seu próprio sentido, tornando-a mais flexível e livre para o seu vivenciar. Para que isso ocorra é fundamental que a transposição da estrutura tradicional para o espaço não convencional realize-se de forma orgânica e completa.
Leia o artigo na íntegra em: http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq092/arq092_03.asp
---
Gabriela de Matos.
__________________________________________________________________
Cristiano Cezarino Rodrigues, cenógrafo, arquiteto e designer formado pela Escola de Arquitetura da UFMG, onde atualmente é mestrando. Desenvolve trabalhos na área de cenografia, design de eventos e arquiteturas efêmeras.
Por muitos anos, e ainda hoje, o palco italiano era a estrutura inerente a própria idéia de teatro.
É inegável o conforto acústico e a extrema praticidade e funcionalidade do palco italiano.
Porém, os tempos são outros. O teatro se modificou e o palco italiano não acompanhava mais as exigências do novo teatro.
Para explicar melhor o rumo que a cenografia tomou depois da exaustão do palco italiano,
transcrevo para vocês trecho do artigo Teatro da Vertigem e a Cenografia do Campo Expandido de Cristiano Cezarino Rodrigues.
(...)O lugar teatral é onde se estabelece a relação cena/público, que não se limita somente ao edifício teatro, mas a qualquer lugar onde se possa estabelecer esta relação. “O lugar teatral é composto pelo lugar do espectador e pelo lugar cênico – onde atua o ator e acontece a cena” (3). O conceito de lugar teatral introduz uma associação, em certa medida, orgânica entre a cenografia e a arquitetura teatral tornando-os indissociáveis, uma vez que são manifestações de questões do homem no espaço.
A cenografia é concebida e definida tendo como um dos seus pontos de partida a arquitetura na qual está inserida. Pode-se afirmar, também, que a arquitetura teatral é definida a partir das concepções espaciais próprias da cenografia. Constata-se, então, que a idéia de lugar teatral, por ser mais abrangente, é mais adequada e extremamente útil tanto para o entendimento da produção da cenografia contemporânea, quanto para o estudo da cenografia através dos tempos. Desta forma, amplia-se o horizonte de análise à medida que não se busca apenas o décor do espaço, mas o espaço em si.
A constituição do lugar teatral no trabalho do Vertigem não se baseia em recriar espaços, como no Cinema, mas, sim, em aproveitar os já existentes, mantendo sua carga semântica e, ao mesmo tempo, transformando-os. O espaço é “vestido” com as referências de domínio público no intuito de se revelar as relações entre a peça e o espaço, ampliando, consideravelmente, o lugar onde se estabelece a relação cena/público.
O que norteia o trabalho de expansão do lugar teatral, de configuração de uma cena híbrida é a pesquisa de novas formas de interferência na percepção do espectador, de recepção do público, de concepção de um teatro que seja capaz de dialogar com as novas demandas do mundo contemporâneo.
Ao reduzir a distância entre a cena e o público, o nível de entropia da relação amplia-se, o campo de possibilidades de intervenção expande-se e investir neste processo configura-se como um risco, contudo, calculado. Risco por que trabalha com conceitos próximos aos da Teoria do Caos, onde o aleatório e o imprevisível aparecem, são variáveis presentes, onde a ordem é outra e a previsibilidade da resultante produzida (ou provocada) pela relação entre a cena e o espectador é indeterminada. A relação direta que era estabelecida entre a cena e o público espectador desaparece, a intensidade da relação deriva para o ponto de vista de cada indivíduo.
Uma vez inserido no contexto, no espaço de atuação e encenação, o espectador co-participa da peça, dialoga com o processo com uma intensidade diferenciada, estabelecendo um novo espaço, onde sua consciência é ampliada e sua experimentação aproxima-se dos seus limites. A relação que se estabelece está, consideravelmente, ligada ao despertar do indivíduo e não à sua hipnose.
A cena híbrida que reúne em uma mesma superestrutura simultaneamente o espaço arquitetônico, o espaço cênico e o espaço artístico, superpõe várias camadas de sentido, criando leituras subliminares que ampliam seu próprio sentido, tornando-a mais flexível e livre para o seu vivenciar. Para que isso ocorra é fundamental que a transposição da estrutura tradicional para o espaço não convencional realize-se de forma orgânica e completa.
Leia o artigo na íntegra em: http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq092/arq092_03.asp
---
Gabriela de Matos.
__________________________________________________________________
Cristiano Cezarino Rodrigues, cenógrafo, arquiteto e designer formado pela Escola de Arquitetura da UFMG, onde atualmente é mestrando. Desenvolve trabalhos na área de cenografia, design de eventos e arquiteturas efêmeras.
2 de março de 2010
A BREVE HISTÓRIA DO THE DRAGS - cap. 3
"A BREVE HISTÓRIA DO THE DRAGS" é uma minissérie literária pra web em 10 capítulos que conta as aventuras e desventuras de Adriano, um jovem de 17 anos, e sua passagem por uma banda punk no estralar de sua adolescência. É uma história que muitos jovens brasileiros vivem, e que há pouco vem começando a ser contada pelos escritores e cordeis elétricos Brasil afora. Cordas, palhetas, amplis, festivais, zines, tretas, rolos, meninas e o eterno zumbido da metrópole!
_____________________________________________________________________
A carreira de músico de Adriano estava indo bem rápido: mal tinha conseguido comprar seu primeiro kit de cordas de baixo, e sua banda já tinha show marcado. Fiuzzo (o palmeirense boy que gostava de armas e passava gel no cabelo pra ir pra aula), Adriano (o corintiano que todos tiravam de maloqueiro porque morava na zona Sul) e Enrico (que assumiu sua homossexualidade aos 12 anos) eram o ThE dRaGS. E iam tocar no Festival Anual de Artes do Colégio Vera santa, o colégio mais alternativo do interior daquele Estado.
Pela segunda vez o rock entrava na programação. Ano passado a música foi representada pelos alunos em três bandas de rock, 2 coraizinhos, 1 showzinho de playback a la High School Musical felizmente fracassado na tentativa, 1 concerto de flauta doce (que soava como unhas roídas num quadro-negro) e um moleque de 8 anos que tocava guitarra como um animal, e se apresentou sozinho para orgulho de seu pai metaleiro. As bandas foram Lazy Dinnas, Dingo Atômico e Cirroze. Dessas, só sobrou o Lazy Dinnas, banda de garoutas à la Cansei de Ser Sexy que seria a maior atração do segundo festival.
FÊ era a mina dramática-descolada que tava organizando a parte rock do festival. e nesse ano ia ser muito melhor porque ela tinha construído reputação: era a menina repetente que os meninos adoravam e as meninas odiavam. As meninas ficavam com raiva e também iam pra fazer inveja umas às outras. A Fê era tão descolada que já tinha pulado de pára-quedas, e tomou suspensão uma vez por embebedar um moleque da quinta série (na verdade o meninote se encheu de vodka por conta própria, e a Fê deu um selinho na boca dele pra ver se ele tava mesmo bêbado, na perfeita sintonia com a passagem de dona Beth - a COORDENADORA - pelo corredor, misteriosamente acompanhada do professor de ciências.)
O show é daqui um mês e ele nunca tinha tocado na vida - exceto pelo violão do amigo Fiuzzo - Adriano aprendeu o RÉ e vinha tentando o LÁ haviam quase duas semanas.
Fazer um show seria uma ótima oportunidade, pensava ele. Vendeu uma fita de videogame pra comprar a corda de baixo, e tinha andado numa trip pessoal forte com o punk rock, as fotos do Sid Vicious melecado de mostarda, o poster do Ramones, a relação de amor e ódio com o Hateen. Foi na loja, escolheu o kit de corda mais barato (o de 55 na única loja de música da cidade, que parecia mais uma pet shop) e chegou em casa virtuosamente em seu patins e capacete grafitado-style.
Chegando em casa, abriu sofregamente o pacotinho com as cordas, e lembrou-se de que nunca tinha trocado uma corda na vida. A embalagem de plástico demorou para abrir, então ele forçou e as cordas pulularam em todas as direções como fogos de artifício. E começa uma epopéia para conseguir botar as cordas que terminaria às 21h com sua mãe gritando "a comida tá gelada" pela 5a. vez. Adriano deu um nó na ponta de cada corda e no final, acabou estourando a corda sol por apertar demais, e fez um remendo que deixou a corda com barulho de sino (bleng bleng).
E terminou a façanha, em que ouviu a discografia do Dead Kennedys três vezes. Nisso, morrendo de fome, começa a piscar uma janelinha. Era a Giuliana da 8a. C. (continua;;)
Fábio Cardelli
_____________________________________________________________________
@fabiocardelli é convidado do Espaço Fluxo para escrever sobre música e cultura alternativa. Nascido em 1984, taurino com ascendente em câncer, tem seis cactos e cinco religiões. Entre elas, toca numa banda.
1 de março de 2010
o teatro de bertolt brecht
bertolt brecht_ dramaturgo da primeira metade do século XX.
viveu a revolta, viu guerras, e (como não?) quis a revolução.
seu teatro era movido pelo discurso e através dele deveria também mover o povo.
uma problemática dramática, um teatro épico que apresentava questões sociais (e mais ainda humanas) através de uma voz livre de sugestões fechadas, de tendências ou mesmo soluções.
um teatro aberto que queria aproximar o ator do público, instigar à luta, à crítica e intrigar ao mistério.
brecht:
desconfiai do mais trivial,
na aparência singelo.
e examinai,
e examinai,
sobretudo, o que parece habitual.
suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito
suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito
como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.
(ana pedrosa
Assinar:
Postagens (Atom)