Observando a necessidade de retomar o delato após o delito/ de guardar a revolução para a madrugada bem quando o estereótipo do dia for dormir/ observando a necessidade de evoluir até a impossível comunicação inteligível/de transfigurar a sintaxe/de falar e ver a palavra pousar__ é que hoje eu apresento três poemas de Glauco Mattoso. Pensado por mim como passados por entre este trajeto duríssimo – onde caberia uma citação de Chico Science que evitarei. Mas não esta. Não espere em casa, porque A REVOLUÇÃO não será televisionada.
#2 RHAPSODIA [1975] Está escripta em attica prosaa glosa da grammatica crypticapor rectas regras syntacticascom lettras gregas sympathicasA glosa do cryptogrammaexplica a photosynthese anthologicade chrysanthemosmyosotiscyclamesamaryllispolychromicospolyrhythmicospolysyllabospolychlorophylladosdesvenda a physionomiade synonymos symmetricose etymologias philharmonicasde analyses hyperphantasticase diphthongos phosphorescentesde phonemas philosophicose morphemas psychophysicosde estrophes sapphicase systemas orthographicosmysteriososmysticosmythicosMyctericas physionomias desvendaa glosa da grammathica cripticaescrypta em actica prosapor rettas regras syntaticascom lectras gregas sympatticas#3 DE DUVIDA [1976]
o dedo
a forma
o dedo mas a forma
o débil dedo mas a fóssil forma
o sim do débil dedo mas o não da fóssil forma
da forma o não do dedo
do dedo o sim da forma
o sim
o não
o deformado
deforma o centro
o dedo, embora
a fóssil forma morre do lado de fora
e o débil dedo vive do lado de dentro
das Paredes do Crânio
a vida
a grade
a vida mas a grade
a vígil vida mas a grácil grade
o sim da vígil vida mas o não da grácil grade
da grade o não da vida
da vida o sim da grade
o sim
o não
a gravidade
gravita o centro
a vida, embora
a grácil grade morre do lado de fora
e a vígil vida vive do lado de dentro
das Paredes do Crânio
o dedo a vida a forma a grade
a livre prisioneira a presa liberdade
o circunscrito centro
onivolente, embora
a realidade morre do lado de fora
mas a verdade vive do lado de dentro
das Paredes do Crânio
#9 COR LOCAL [TROVA SEMI(PATRI)ÓTICA] [1978] Minha terra tem mais terraminha fome tem mais coresminha cor que menos berraé que sente minhas dores