31 de dezembro de 2009

um samba bonito para Iemanjá

ontem estive conversando com uma grande amiga e parceira deste projeto e ela me perguntou se esta minha postagem teria o teor que é preciso para fechar o ano.
fiquei pensando por horas o que poderia elaborar para uma revista eletrônica e especificamente para esta coluna sobre cinema e que tivesse o teor necessário para concluir bem o ano.
não me atento muito para estas datas festivas, mas acho justo deixar registrado aqui algo que possa trazer encanto para este espaço e que possa deixar tudo tranqüilo e sereno para que esta nova década que está por vir seja marcada por revolucionários que estejam afim de contribuir/exaltar a cultura brasileira.
pois bem, trago-lhes um trecho do documentário Saravá de 1969, do cineasta francês Pierre Barouh, no qual Baden Powell (um dos maiores violonistas de todos os tempos) interpreta o Afro-Samba Iemanjá,





“Iemanjá, rainha do mar, é também conhecida por dona Janaína”


Paula Motta

30 de dezembro de 2009

Formulário para Um Novo Urbanismo

Olá, pessoas que andam acompanhando o blog.
Fico imensamente feliz de saber que vocês aparecem por aqui para saberem do que é que estamos falando.
Recebi vários elogios ao blog e fico feliz de saber que o trabalho que iniciamos aqui não está sendo em vão.
Para finalizar o ano com chave de ouro, escolhi postar para vocês hoje um texto que acho de extrema importância para a arquitetura e o urbanismo. O Manifesto de Gilles Ivain, Formulário para Um Novo Urbanismo. O Gilles Ivain foi um cara muito importante na Internacional Situacionista, um movimento que pregava um novo urbanismo. Este manifesto que vocês lerão a seguinte, foi escrito em 1953 e é um dos textos fundadores do Movimento Situacionista. Falarei dos Situacionistas e da Internacional constantemente por aqui.
Bom, fiquem com o texto.
Um feliz ano novo para todos!

Gabriela de Matos.



Formulário para um Novo Urbanismo


                                                                                                                  Senhor, sou do outro país.


Percorrer a cidade é entediante, já não existe mais templo do sol. Por entre as pernas das passantes, os dadaístas queriam encontrar uma chave inglesa, e os surrealistas uma taça de cristal. Não deu certo. Sabemos ler nos rostos todas as promessas, último estado da morfologia. A poesia dos cartazes durou vinte anos. Percorrer a cidade é entediante, é preciso fazer um tremendo esforço para descobrir ainda algo de misterioso nas tabuletas da rua, último estado do humor e da poesia:


Banhos-Duchas dos Patriarcas
Máquinas de cortar carnes
Zoológico Nossa Senhora
Farmácia dos Esportes
Alimentação dos Mártires
Cimento translúcido
Serraria Mão-de-Ouro
Centro de recuperação funcional
Ambulância Santa-Ana
Quinta Avenida Café
Rua dos Voluntários Prolongada
Pensão de família no quintal
Hotel dos Estrangeiros
Rua Selvagem

E a piscina da Rua das Mocinhas. E a delegacia de polícia da Rua do Encontro. A clínica médico-cirúrgica e a agência de emprego grátis do cais dos Ourives. As flores artificiais da Rua do Sol. O Hotel dos Porões do Castelo, o Bar do Oceano e o Café do Vai-e-vem. O Hotel da Época.

E a estranha estátua do Dr. Philippe Pinel, benfeitor dos débeis mentais, nas últimas noites de verão. Explorar Paris.

E você, esquecida, suas lembranças destruídas por todos os lamentos do mapa mundi, abandonada no Caves Rouges de Pali-Kao, sem música e sem geografia, já não partindo para a fazenda onde as raízes pensam na criança e onde o vinho termina em fábulas de calendário. Agora, está terminado. Você não verá mais a fazenda. Ela não existe.

É preciso construir a fazenda.

Todas as cidades são geológicas, e não se pode dar três passos sem esbarrar em fantasmas, armados de todo o prestígio de suas lendas. Evoluímos numa paisagem fechada cujos pontos de referência nos remetem sempre ao passado. Certos ângulos móveis, certas perspectivas fugazes permitem-nos entrever concepções originais do espaço, mas essa visão permanece fragmentária. É preciso procurá-la nos lugares mágicos dos contos folclóricos e dos textos surrealistas: castelos, muros intermináveis, barezinhos esquecidos, caverna do mamute, espelho dos cassinos.

Essas imagens obsoletas conservam um certo poder de catálise, mas é quase impossível empregá-las num urbanismo simbólico sem rejuvenescê-las, atribuindo-lhes um novo sentido. Nosso imaginário povoado por velhos arquétipos acabou ficando muito atrás das máquinas aprimoradas. As diversas tentativas de integrar a ciência moderna em novos mitos permanecem insuficientes. O abstrato tem invadido todas as artes, em particular a arquitetura de hoje. O fato plástico em estado puro, sem anedota mas inanimado, descansa os olhos e os refresca. Para além encontram-se outras belezas fragmentárias e, cada vez mais distante, a terra das sínteses prometidas. Cada qual hesita entre o passado que vive no afetivo e o futuro já morto.

Não prolongaremos as civilizações mecânicas e a arquitetura fria cujo termo são os lazeres maçantes.

Nos propomos a inventar novos cenários móveis. (...)

A escuridão recua diante da luz artificial e o ciclo das estações, diante das salas climatizadas: a noite e o verão perdem o encanto, e a aurora desaparece. O homem das cidades julga se afastar da realidade cósmica e por isso já não sonha. O motivo é evidente: o sonho tem seu ponto de partida na realidade e nela se realiza.

O último estágio da técnica permite o contato permanente entre o indivíduo e a realidade cósmica, uma vez que elimina seus aspectos desagradáveis. O telhado de vidro deixa ver as estrelas e a chuva. A casa móvel gira com o sol. As paredes de correr permitem que a vegetação alastre-se pela vida. Montada sobre rodas, uma casa pode avançar pela manhã até o mar e voltar à noite para a mata.

A arquitetura é o meio mais simples de articular tempo e espaço, de modular a realidade, de fazer sonhar. Não se trata somente de articulação e de modulação plásticas, expressão de uma beleza fugaz. Mas de modulação influencial, que se inscreve na curva eterna dos desejos humanos e do progresso na realização desses desejos.

A arquitetura de amanhã será portanto um meio de modificar os atuais conceitos de tempo e de espaço. Será um meio de conhecimento e um meio de agir.

O complexo arquitetônico será passível de modificação. Seu aspecto pode mudar em parte ou totalmente, segundo a vontade de seus moradores. (...)

As coletividades do passado ofereciam às massas uma verdade absoluta e exemplos míticos indiscutíveis. A entrada da noção de relatividade no espírito moderno permite conjeturar o lado EXPERIMENTAL da próxima civilização, ainda que o termo não me seja satisfatório. Digamos mais flexível, mais "divertido". Sobre as bases dessa civilização móvel, a arquitetura será — pelo menos no início — um meio de experimentar as mil maneiras de modificar a vida, em busca de uma síntese que só pode ser lendária.

Uma doença mental invadiu o planeta: a banalização. Todos estão hipnotizados pela produção e pelo conforto — esgoto, elevador, banheiro, máquina de lavar.

Esse estado de fato, que nasceu de um protesto contra a miséria, ultrapassa seu objetivo primeiro — libertar o homem das preocupações materiais — para se tornar uma imagem obsessiva no imediato. Entre o amor e o triturador automático de lixo, a juventude de todos os países fez sua escolha e prefere o triturador. Uma reviravolta completa das mentes tornou-se indispensável, pela revelação de desejos esquecidos e pela criação de desejos inteiramente novos. E por uma propaganda intensiva em favor desses desejos.

Já sinalizamos a necessidade de construir situações como um dos desejos básicos sobre os quais seria estabelecida a próxima civilização. Essa necessidade de criação absoluta sempre esteve ligada à necessidade de jogar com a arquitetura, o tempo e o espaço. (...)

Um dos mais destacáveis precursores da arquitetura continuará sendo De Chirico. Dedicou-se aos problemas das ausências e presenças através do tempo e do espaço.

Sabe-se que um objeto, não percebido conscientemente durante uma primeira visita, provoca, por sua ausência nas visitas seguintes, uma impressão indefinível: por uma correção no tempo, a ausência do objeto se faz presença sensível. Mais precisamente: embora fique geralmente indefinida, a qualidade da impressão varia segundo a natureza do objeto retirado e a importância que o visitante lhe confere, o que pode ir da alegria serena ao terror (pouco importa que no caso em questão o veículo do estado de alma seja a memória. Só escolhi esse exemplo por comodidade).

Na pintura de Chirico (período das Arcadas) um espaço vazio cria um tempo bem preenchido. É fácil imaginar o futuro que reservaremos a tais arquitetos e quais serão suas influências sobre as multidões. Hoje, só nos resta o desprezo por um século que relega semelhantes maquetes a pretensos museus.

Essa nova visão do tempo e do espaço que será a base teórica das construções futuras ainda não está formulada e nunca o estará completamente antes que se experimente o comportamento em cidades destinadas a essa finalidade, onde estariam reunidas sistematicamente, além de estabelecimentos indispensáveis a um mínimo de conforto e de segurança, construções marcadas por um grande poder evocador e influente, edifícios simbólicos figurando os desejos, as forças, os acontecimentos passados, presentes e futuros. À medida que desaparecem os motivos de apaixonar-se, se faz mais urgente uma ampliação racional dos antigos sistemas religiosos, dos velhos contos e sobretudo da psicanálise, em proveito da arquitetura.

De certa forma, cada qual habitará sua "catedral" pessoal. Haverá edifícios que farão sonhar melhor que as drogas, e casas onde só se poderá amar. Outros atrairão os viajantes de forma irresistível...

Pode-se comparar esse projeto aos jardins chineses e japoneses pintados em trompe l'oeil — com a diferença de que estes jardins não são desenhados para neles se viver completamente — ou ao labirinto ridículo do Jardin des Plantes em Paris, à entrada do qual se pode ler um aviso, o cúmulo da estupidez, Ariadne desempregada: É proibido brincar no labirinto.

Essa cidade pode ser imaginada sob a forma de uma reunião arbitrária de castelos, grutas, lagos etc. Seria o estágio barroco do urbanismo, considerado como meio de conhecimento. Mas essa fase teórica já está ultrapassada. Sabemos que é possível construir um prédio moderno nada parecido com um castelo medieval, mas que conserve e multiplique o poder poético do Castelo (pela manutenção de um mínimo estrito de linhas, pela transposição de algumas outras, pela localização das aberturas, pela situação topográfica etc).

Os bairros dessa cidade poderiam corresponder aos diversos sentimentos que encontramos por acaso na vida cotidiana.

Bairro Bizarro — Bairro Feliz, reservado em especial à habitação — Bairro Nobre e Trágico (para crianças bem comportadas) — Bairro Histórico (museus, escolas) — Bairro Útil (hospitais, lojas de ferramentas) — Bairro Assustador etc. E um Astrolário que reuniria as espécies vegetais de acordo com as relações que elas mantêm com o ritmo estelar, jardim planetário comparável àquele que o astrônomo Thomas tenta estabelecer em Viena no local chamado Laaer Berg. Indispensável para dar aos habitantes uma consciência do cósmico. Talvez também um Bairro da Morte, não para ali morrer mas para se viver em paz, e, neste caso, penso no México e num princípio de crueldade na inocência, que aprecio cada dia mais.

O Bairro Assustador, por exemplo, supriria com vantagem os buracos, bocas de inferno que muitos povos possuíam outrora em suas capitais; simbolizavam as forças maléficas da vida. O Bairro Assustador não teria a necessidade de conter perigos reais, como armadilhas, calabouços ou minas. Teria um acesso complicado, uma decoração horrorosa (apitos estridentes, sinais de alarme, sirenes periódicas em intervalos irregulares, esculturas monstruosas, móbiles mecânicos com motor, chamados Auto-Móbiles) e pouca iluminação à noite, embora violentamente iluminado de dia pelo uso abusivo do fenômeno de reverberação. No centro, a "Praça do Móbile Medonho". A superabundância de um produto no mercado provoca a queda de seu valor: a criança e o adulto aprenderiam pela exploração do Bairro Assustador a não temer os fatos angustiantes da vida, mas, ao contrário, divertiriam-se com eles.

A principal atividade dos habitantes será a DERIVA CONTÍNUA. A mudança de paisagem de hora em hora vai levar ao completo desenraizamento. (...)

Mais tarde, pelo inevitável desgaste dos gestos, essa deriva deixará em parte o domínio do vivido pelo da representação. (...)

A objeção econômica não resiste à primeira olhada. É sabido que, quanto mais um lugar é destinado à liberdade de jogo, mais influi sobre o comportamento e maior é sua força de atração. Prova disso é o imenso prestígio de Mônaco e de Las Vegas. E de Reno, caricatura da união livre. Trata-se contudo de meros jogos do dinheiro. Essa primeira cidade experimental viveria com fartura de um turismo tolerado e controlado. As subseqüentes atividades e produções de vanguarda surgiriam por si mesmas. Em alguns anos ela se tornaria a capital intelectual do mundo, e seria em qualquer parte reconhecida como tal.

                                                                                                                                           Gilles Ivain





29 de dezembro de 2009

E eu declaro: a verdadeira fotografia de moda!

A verdadeira... aliás de qual verdade estou falando, da minha ou da sua?
Aquela que alguma revista ou pessoa importante consagrou ou aquela obscura, independente, que luta por si só para ser uma expressão de linguagem?


A verdadeira. A boa e velha reconfortante-única-opção que temos sem nos permitir o erro e ainda garantir uma Certa opinião dentro de uma discussão, certo?


Bem, tudo isso somente para expressar a não existência da verdadeira fotografia de moda, tampouco a verdadeira moda. Aliás, o que se apresenta nas ruas é um verdadeiro palco de excentricidades, ou melhor, uma espécie de passarela, cujo desfile de moda é baseado na interpretação intuitiva e subjetiva daqueles que desfilam. Aqui, preciso ressaltar que a subjetividade é coletiva, ou seja, é relacionada com experiências e estímulos cotidianos.


Então o que fazer a partir de agora que entitulei esse meu post de a verdadeira fotografia de moda? Acho que não me resta mais do que colocar aqui algumas imagens que no universo do meu gosto preenchem o olhar de informação e expressão. Colocarei também algumas imagens do meu trabalho pessoal que captura, recorta, inserem pequenos universos dentro do hipercentro da cidade de Belo Horizonte e significam alguma coisa aos olhos de quem vê e veste.


Bom apetite!



Fotografia de Rankin



 Fotografia de Rankin

 


Fotografia de Autum de Wilde para Rodarte

 


Fotografia retirada do site freakstyle.com









 



 
 Fotos pessoais realizadas no Hipercentro de Belo Horizonte expostas em 2009 


Flávia Virgínia


28 de dezembro de 2009

teatro_ performance_ vitalidade

pensei em, após artaud, apresentar um ato/ação contemporâneo que se relacione, traga ou coloque de alguma forma, a partir de sua manifestação, a natureza das proposições estéticas feitas pelo Teatro da Crueldade.

em novembro desse ano tive a oportunidade de assistir a uma palestra/performance/ação de clarissa alcântara.
clarissa é filósofa, mestre e doutora em literatura, professora no curso de artes cênicas da UFOP e, nessa ação, apresentou-nos seu objeto/tese teatrodesessência/corpoemaprocesso.
(a performance é uma linguagem muito estudada por diversas áreas do conhecimento e tida como híbrida por carregar características tanto do teatro quanto das artes plásticas).

durante esses dias, pensei numa forma de narrar ou descrever aqui a apresentação de clarissa e, em vez de me frustar ou desistir desse texto pela impossibilidade que encontrei em o fazer assim, resolvi colocar algumas das percepções que tive e que me envolveram durante e após essa apresentação.
clarissa não 'obedece às regras' e por isso não seria justo ou possível subordiná-la a nomenclaturas ou discriminadas descrições.

clarissa desconstrói o sentido, formato e representação da tese, a materializa em rolos de tecidos que encobre e descobre o corpo, 'evoca' artaud, deleuze, guattari (e outros grandes nomes que me faltam à memória), cita nietzsche, balbucia, geme, silencia, grita e questiona: o lugar das coisas, a perenidade e fragilidade delas, o tormento e o desassossego em saber e lidar com elas.
traz uma carga que emana no ambiente e dificilmente permite deixar alguém ileso.
não se fazem necessários pré-requisitos grandes e elaborados para assisti-la, se envolver e sentir-se cúmplice. clarissa conta com o corpo e o movimento para lidar com emoções e sensações do ser (e do estar).

o teatro é essa colocação do ser no espaço e é também a contaminação do ambiente e do outro.
a vitalidade e a verdade é o que dão voz e sentido à arte, o que a faz clara e “amiga”.

'o desejo exprime-se por uma carícia, tal como o pensamento pela linguagem'
jean-paul sartre




(ana pedrosa

manifesto pela cultura digital brasileira

Cultura Digital Brasileira

A liberdade é essência e aspiração

Rogério Duprat. 1963 + Damiano Cozzella.
Num IBM 1620 da Escola Politécnica da USP
(música + academia) = Klavibm II
Cibernética + Bossa Nova + Cultura Pop
Informações em rede antes da rede
Tropicália = O direito à tecnologia, ao universal

A música da bahia, onde o Brasil principia
“Se segura milord aí que o mulato baião
(tá se blacktaiando)
Smoka-se todo na estética do arrastão”

Oswald redivivo, no fluxo atemporal da cultura
Contra o (neg)ócio
O (sacerd)ócio
A favor do ócio
E da política da afetividade
Roteiros, roteiros, roteiros, roteiros, roteiros, roteiros, roteiros, roteiros, roteiros

A obra digital não se realiza plenamente
Conceber é realizar

Computador = máquina de calcular,
de processar,
de comunicar
y de telecomunicar.

Computadores fazem arte
Artistas, dinheiro

Gilberto Gil no espelho
A Luz no retrovisor
A liberdade é essência e aspiração

Erro = venture capital
que a luta pela acumulação de bens materiais
Já não será preciso continuar
A luta pela acumulação de bens materiais
Já não será preciso continuar

A economia do verbo, do verso:
A crise do dinheiro que não cria riqueza
A rede é firmeza e produz valor
A rima vem pelo meio
Rasgando da ponta para o centro
Carrega o discurso do extremo

O passado:
a pilhagem do bem comum
o desmonte da coletividade
O presente:
a reconstrução do comum
uma sociedade de comunidades

Planetária
Igualitária
Libertária
Horizontal

Abundância gera abundância

A liberdade é essência e aspiração

A internet
A World Wide Web
big science + pesquisa militar + cultura libertária

Cartografia 1:1
Caminhos que se bifurcam y se bifurcam y se bifurcam
É preciso fazer o upload do acervo tombado para o ciberespaço tombado
Bibliotecas de corredores infinitos y livros infinitos
A história da humanidade
Cria líquida da ultramodernidade

Nômades e Neoprimitivos
Jamais fomos modernos

Chip = LSD
A mente expandida
Coletiva
Multidões inteligentes
A criar, a criar, a criar, a criar, a criar.
O artista é o cidadão que é o artista
Eu crio, tu crias, ele cria.
Nós criamos. Vós criais.

A liberdade é essência e aspiração

Acesso, acesso, acesso, acesso, acesso, acesso, acesso, acesso, acesso
Banda Larga Pública para o povo,
Na Lanhouse do Saboeiro
No telecentro de São Gabriel da Cachoeira
Conexão na casa do mestiço
Computador X televisão

A luta pela fala dos expropriados
Na África, na Ásia, na América do Sul
A mesma condição de interação
E vamos ver quem samba na navalha!

A tecnologia é a sociedade
E vice-versa, sem determinismo

A liberdade é essência e aspiração


Soluções para a aventura humana
Processos de formação P2P:
Redes distribuídas

Somos tod@s piratas –
O estado-corsário (na aliança pelo saque)
Na mesma nau sem rumo
Distribuição da dádiva.

A propriedade é um roubo.

Software livre
GNU > Acrônimo recursivo
Copyleft
Sai pra lá.

A contribuição milionária de todos os plágios
Que derrubem o altar da genialidade
Sacrifiquem a originalidade
E deixem o autor em seu lugar.

A essência é a recombinação
A colaboração
O remix
A ubiquidade

Live
Espaço-tempo alterado
Onde devo clicar,
participar,
opinar,
y quando devo contemplar,
ouvir,
simplesmente absorver?

O Brasil é uma virtualidade
o mundo se virtualizou
Encontrou-nos prontos pra ele
Bora lá…


A autoria do texto é anônima, ou simplesmente desnecessária. O manifesto foi distribuído no Seminário Internacional do Fórum da Cultura Digital Brasileira.

Retirado do blog: http://www.trezentos.blog.br/?p=3506

26 de dezembro de 2009

Leonilson, um presente de Natal

No meu post natalino venho trazer a todos este maravilhoso e corajoso artista. Escrevi este texto durante meu curso na Guignard em novembro de 2008.



Leonilson 1957-1993

Leonilson foi um marco na década de 80 seu trabalho discute sobre uma das grandes discussões da época, a questão do prazer e da sexualidade. Seu trabalho partindo de uma plataforma pessoal tem um discurso muito válido para o âmbito da arte, sobretudo no final da década de 80 e início dos anos 90.
Voilà Mon Couer consiste num pedaço de lona pintada de tinta acrílica dourada, e vinte e seis pingentes de cristais lapidados, sobras de um candelabro quebrado. Leonilson oferece seu coração para o espectador, tão frágil, podendo ser estilhaçado como cristal.
Essa obra expõe de forma clara o cunho pessoal do trabalho de Leonilson e a forma como ele estava disposto a colocar seus medos, sentimentos e esperanças a mostra.
O trabalho de Leonilson fala sobre sua vida e sua morte. Em uma época em que a doença que o matou devastou o mundo.


Voilà Mon Couer

“Talvez mais do que o corpo, o coração seja o motivo dominante e recorrente da obra. O coração como órgão muscular, bombardeador de sangue através de veias e artérias; o coração como centro vital das emoções e sensibilidades do sujeito, repositório de seus sentimentos mais sinceros, profundos e íntimos. Abismos, águas, ampulhetas, âncoras, asas, átomos, crucifixos, desertos, escadas, espadas, espelhos, espirais, facas, flores, fogos, globos, homens, ilhas, labirintos, livros, mapas, matemáticos, montanhas, oceanos, olhos, órgãos, pedras, pérolas, poesias, pontes, portos, radares, relâmpagos, relógios, rios, ruínas, tempestades, templos, vulcões - tudo remete ao coração (do artista), seja atravessando-o, seja por seu intermédio, seja a partir dele.”
Adriano Pedrosa

Saiba mais sobre o artista e o projeto póstumo criado por seus amigos e familiares:
http://www.projetoleonilson.com.br/

JFBrittes

25 de dezembro de 2009

a ceia

a princípio optei por formular uma postagem no lugar que eu estivesse localizada. ontem vim para a bahia, e com todas adversidades fui levada pela maré a escolher um poeta marginal/ nascido no piauí para lhes apresentar. esta escolha se configura para mim, como forma de um presente, nesta data muito especial para alguns e nada diferente para outros. eu tenho gosto pela margem, pela poesia múltipla que se manifesta fora da possibilidade de ser arranjada e enclausurada em categorias e formulações. e é exatamente por este motivo, que irei conter meu discurso para dar à fala, a força do verbo disforme. uma dose de poesia é o alimento vital que agora compartilho. ceiar é partilhar o bom poema e nada mais.



Cidadão Comum

por Torquato Neto em 09-08-1962


Cidadão Comum

Sempre subindo a ladeira do nada,

Topar em pedras que nada revelam.

Levar às costas o fardo do ser

E ter certeza que não vai ser pago.

Sentir prazeres, dores, sentir medo,

Nada entender, querer saber tudo.

Cantar com voz bonita prá cachorro,

Não ver ‘‘PERIGO’’ e afundar no caos.

Fumar, beber, amar, dormir sem sono,

Observar as horas impiedosas

Que passam carregando um bom pedaço

da vida, sem dar satisfações.

Amar o amargo e sonhar com doçuras

Saber que retornar não é possível

Sentir que um dia vai sentir saudades

Da ladeira, do fardo, das pedradas.

Por fim, de um só salto,

Transpor de vez o paredão.



(mariana de matos)

24 de dezembro de 2009

jairo ferreira: cinepoeta

Jairo Ferreira, escritor de Cinema de Invenção (primeira edição da Max Limonad, em 1986, reeditado pela Limiar, em 2000), foi também cineasta, jornalista, fotógrafo e ator.
Cinema de Invenção nasceu com o propósito de avaliar a partir de um todo o cinema
marginal/experimental/udigrudi, ou na linguagem do autor, o cinema de invenção.
Desde sua primeira edição já se consagrou como uma de nossas principais obras bibliográficas sobre o cinema brasileiro. Não se trata de um estudo acadêmico, preocupado com referências, problematizações e conclusões e sim um ensaio crítico e poético onde o leitor é instigado a devorar a filmografia do ciclo Boca do Lixo, de nomes já consagrados como Reichenbach e Sganzerla – até os menos conhecidos como Agripino de Paula e Calasso.


 Textos de Jairo em: cinema-de-invencao.blogspot.com


Paula Motta

manifesto do cinema de invenção


I
Cinema de Invenção é Cinema do Novo Aeon
Todo cineinventor e toda cineinventora é uma estrela.
Constelação cósmico/cômica da Errância.
II
A primeira carta do Tarot é o mago: cinemagia.
Big-Bang. Akasha. Quintessência.
Pré-estréia: Precessão dos Equinócios.
III
Cinema de Invenção é Tradição.
O que está em cima é como o que está aqui.
Lei de Thelema
IV
Minha alegria é ver a sua alegria.
Amor sob vontade.
418: ABRAHADABRA
V
A anarquia é a prova dos nove.
Cinevida: sonho.
555. Energia.
VI
Cinemúsica da luz: Samadhi.
O equilíbrio entre o significante e o significado.
666. Raio de luz.
VII
Cinema do (G)rito. Cinema (Nô)made.
Novas percepções no horizonte do (im)provável.
AUM: OM
VIII
A verdade digital a 24 quilates por segundo.
Cinema parabolicamente visionário.
Work in progress.
IX
Cineanônimo
Atípico. Inominado.
Iluminado.
X
Cinemastral.
Tu não tens nenhum direito a não ser fazer o que quiseres.
Tetragrammaton
XI
Cinema é Amor.
Cinema de Invenção
Sagrada Diversão




Manifesto de Jairo Ferreira

23 de dezembro de 2009

Hoje eu decidi falar da arquitetura, de forma livre, sem precedentes de academia e de teoria. Vou falar dessa arquitetura que a gente vive no dia a dia na cidade.

Que esta em todos os lugares, nas ruas, nas calçadas, nos prédios, nos monumentos, e que influencia diretamente no nosso humor.

É verdade. Pode parecer que eu estou exagerando, mas a seguinte vocês irão entender do que eu estou falando. Tem coisa mais agradável do que caminhar tranqüilo, por uma calçada larga, com arvores sombreando, um bom vento passando... hmmm tem?

Agora imagina o quão desagradável é, - essa vai ser fácil para os que moram em capital, passar por uma rua muito movimentada, andar em uma calçada larga porem cheia de vendedor ambulante, gente se esbarrando, o sol e o vento totalmente bloqueados pelos prédios muito altos... Ah. Já fiquei nervosa só de lembrar.

O que eu quero fazer vocês entenderem é que a arquitetura e o urbanismo são muito mais comuns na nossa vida do que podemos imaginar. Por isso devemos sim criticar. Assim como criticamos quando vemos um filme que não gostamos, ou lemos um livro que não gostamos.

As pessoas deveriam se sentir mais a vontade para criticar a arquitetura. E essa é uma dificuldade que não só os leigos têm, muito pelo contrario, os arquitetos, e principalmente os estudantes de arquitetura morrem de medo.

O fato é que a arquitetura foi colocada num pedestal uns anos atrás, e precisa rapidamente descer de lá.

A boa arquitetura devia ser disseminada por aí e cada vez mais acessível a todos.

 
 
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Gabriela de Matos.

22 de dezembro de 2009

Moda como arte?


Moda como arte?



Flávia Virgínia



Dizer da moda enquanto Arte é encurralá-la na mesma armadilha da Arte pela arte. Afinal, dar nomes aos bois parece uma forma de limitar e comunicar com alguns, que por algum motivo se sentem confortáveis ao classificar as coisas, pessoas, gêneros. Enfim, aqui não se trata disso, dizer que moda é moda, arte é arte, cadeira é cadeira. Não, a questão é pensar a força que determinadas linguagens são capazes de exercer. Não que as ferramentas para dizer sobre algo não seja importante. Ao contrário, a matéria também é uma forma de comunicar e expressar o pensamento, que é uma questão para as artes, para as modas, para as pessoas. Já dizia o filósofo Michael de Certeau que vestir-se é um ato de significação por si só e isso é um acontecimento de comunicação. O simples fato de termos de nos vestir todos os dias, afinal não podemos por lei sair nus por aí, já leva qualquer indivíduo a fazer e carregar uma escolha. Já pensou o quão importante então a indumentária tem na expressão da sociedade? Ao longo dos anos, da história da moda esse fato é inegável. Movimentos e pequenas revoluções são marcados por fotografias que expressam na estética da imagem aquilo que se pretendia.


E a época atual? Certamente a estética da contemporaneidade guarda em si informações e pretensões que comunicam com os anseios ou a ausência deles dentro das sociedades atuais. E com o advento da tecnologia o uso da fotografia como forma de expressão também é um dos pontos altos dessa exposição estética. Então pensando nisso reuno algumas fotografias nas quais a indumentária carrega códigos visuais e significam a obra, o tempo, divertem os olhos e levantam questionamentos sobre o uso da imagem como simulação da vida.


Fotografias de François Coquerel (1989-) Disponíveis em http://www.francoiscoquerel.com/





Fotografias de Jaimie Warren disponíveis em http://www.dontyoufeelbetter.com/

21 de dezembro de 2009

sobre o teatro da crueldade



o Teatro da Crueldade foi idealizado por antonin artaud e tinha a intenção
de romper com o palco italiano e promover a encenação em palco de arena.
artaud queria fazer um Teatro plástico, onde todos os elementos que fazem parte
da encenação (cenário, figurino e etc) fossem elementos realmente significativos
(signos) e fossem usados para a transmissão de mensagens, da mesma forma
que a fala.
em relação ao que chamamos de interpretação, era necessário explorar todos os
sentidos humanos e assim, fazer com que os gestos, a expressão corporal,
o balbucio, o gemido, o olhar, a expressão facial (...) tivessem a mesma importância
do texto falado, até que não se necessitasse mais desse texto- até que se superrasse
a palavra articulada para atingir a Palavra (a totalidade da manifestação humana).
o primeiro Manifesto do Teatro da Crueldade foi escrito em 1932 e pretendia o teatro
que se fundisse à vida, um Teatro que se sentisse a todo o tempo, impregnado
na carne.
o livro "O Teatro e seu duplo", do artaud, contém o primeiro e o segundo 
manifestos do Teatro da Crueldade e toda sua funcional estrutura literária e filosófica
(por mais antagônico que isso possa parecer).
o Teatro da Crueldade foi materializado/encenado por artaud, influenciou várias proposições estético- teatrais e ainda hoje é legado/ação para grupos de teatro, performance e artes plásticas.


(ana pedrosa

sobre antonin artaud_ linguagem/vida


ator, dramaturgo, escritor, revolucionário (no cerne da palavra), maldito!
(como são chamadas as grandes personalidades subversivas em nossa
história): antonin artaud (1896-1948).
uma persona non grata por qualquer sistema tradicionalista de uma sociedade
burocrata regida pela moralidade.

artaud propôs mais do que uma estética abrangente e improvável, fez
desmoronar os palcos que mitificam a arte, fez destituir a obra-prima totêmica
que a afasta da cultura/civilização.

viveu do desejo, construiu a Arte impregnada na carne, uma vida pautada na arte.

artaud deixou encravado na sociedade a necessidade de um fazer artístico
que provinha do ponto mais fundo da constituição humana- da medula.
uma arte vital e transformadora, portanto, da própria vida.


se a totalidade humana é o teatro que a envolve e rege, fazer do teatro o duplo da vida-
a elevação da vida- fazer da vida um grande palco.

fecundar para renascer o Teatro que "desvenda e encanta a imensidão" 
(palavras do meu sábio amigo nordestino roberto scalia).







 (ana pedrosa

breve colocação_ a cultura/a civilização

após um texto/manifesto, venho nesse espaço, já instituído aberto, para fazer uma breve colocação sobre a cultura da qual nos alimentamos e sem a qual morreríamos de fome.
trata-se de um texto de antonin artaud, que pretendo apresentar a vocês com muito cuidado, posto meu apreço pessoal e a delicadeza que devemos dedicar para o fazer pronunciado.


Nunca, quando é a própria vida que nos foge, se falou tanto em civilização e cultura. E existe um estranho paralelismo entre esse esboroamento generalizado da vida que está na base da desmoralização atual e a preocupação com uma cultura que nunca coincidiu com a vida e que é feita para dirigir a vida.
Antes de retornar à cultura, constato que o mundo tem fome e que não se preocupa com a cultura, e que apenas de um modo artificial é que se pretende dirigir para a cultura pensamentos que se voltam unicamente para a fome.
(...)
Se o signo da época é a confusão, vejo na base dessa confusão uma ruptura entre as coisas e as palavras, as idéias, os signos que são a representação dessas coisas.
(...)
É preciso insistir nessa idéia da cultura em ação e que se torna em nós uma espécie de novo órgão, uma espécie de segunda alma: e a civilização é a cultura que se aplica e que rege até mesmo nossas ações mais sutis, o espírito presente nas coisas; e é apenas de modo artificial que se separa a civilização da cultura e que há duas palavras para significar uma mesma e idêntica ação.
(...)
Por mais que exijamos a magia, porém, no fundo temos medo de uma vida que se desenvolveria toda sob o signo da verdadeira magia.




inicialmente aqui abandono os palcos nomeados, os espetáculos diários e fechados em taxas e classes para apresentar a todos um Teatro esquecido, abandonado em sua vanguardista e revolucionária escritura. quero aqui lhes contar de um teatro tão contemporâneo e tão ausente até mesmo de nossas bibliotecas, que dirá das ocupações e trânsito que carece para sê-lo.



(...) ‘mudar a língua’ é concomitante com ‘mudar o mundo’ (...)
roland barthes




(ana pedrosa

20 de dezembro de 2009

apenas palavras

Apenas Palavras - Sulamita Cruz



No princípio era o verbo...


E o verbo se fez carne...

Sempre fui permeada de palavras. Cheia delas, e mesmo quando faltavam eu ainda era cheia disso. Vejo palavras em tudo e tudo que vejo, de alguma forma, transformo em palavras. Não me imagino de forma alguma me apoderando delas, ou as amarrando dentro de capas duras, enfim. Voltando com elas de onde elas vieram.

De repente percebi o quanto palavra emociona e o tanto de palavra que cabe dentro de mim, e por mais que tento tirá-las daqui elas continuarão palavras. De mim, só saem e entram palavras.

Assim, só me resta, com palavras tentar buscar um entendimento do meu processo artístico. Usando de palavras-chaves (de praxe) diria que essas seriam: palavra, obsessão, feminino, arquivo. Porém, vendo estas todas juntas perco um pouco o sentido. Palavras são muito vazias quando pra nominar as coisas, principalmente quando essas coisas são tudo o que sai de mim.

Não sei precisar quando essas palavras invadiram também meus desenhos, acho que sempre estiveram juntos. Tão juntos que não os vejo como coisas diferentes mais. Eles se afiguram assim.


Quando conheci o trabalho de Annette Messager entendi um pouco melhor como essas imagens podem caminhar juntas. Seus trabalhos vieram como marulhar para meus pensamentos e também para as minhas imagens. Consegui ser mais livre. Admirar tem dessas coisas. Admirar não pode ser só um verbo, não é pra mim.

admiração

s. f.

1. Sentimento agradável que se apodera do ânimo ao ver coisa extraordinária, bela ou inesperada.

2. Objecto!Objeto que causa admiração.

3. Espanto.

ponto de admiração: sinal (!) com que se nota uma expressão admirativa.



admirar

v. tr.

1. Ver com admiração.

2. Causar admiração ou estranheza.

v. pron.

3. Sentir admiração ou estranheza.



É nesse sentido que entendo verbo como carne. Quando este se mostra além de simples verbo, de simples palavra. Usando palavras da própria Annette:

“I have never started off from the basis of a color or a form , but always from a word. The word has been a trigger. I am a word thief!”

Assim é pra mim. Parto sempre de uma palavra/sentimento. Como se realmente palavras fossem gatilhos, catapultas eu diria. Sou lançada a diversos lugares a partir de um simples vocábulo. E mesmo quando eles nao aparecem literalmente, é certo que elas passaram por ali em algum momento.

Como Annette, assumo múltiplas personagens enquanto escrevo. Vivencio as experiências do que narro. A leitura me carrega pra um outro estado, pra uma certa vivência do que está sendo narrado, já quando escrevo vou construindo esse outro estado. Sai das minhas próprias mãos, e muitas vezes do meu controle.

Deste modo, não só o princípio, mas o meio e o fim são verbos. Quando uso de rolos ou da minha câmera, são os verbos que se anunciam e assumem a direção. Mesmo quando tudo acaba são eles que ficam. São eles que continuam dando sentido a tudo que está dentro do trabalho e dentro de mim.

19 de dezembro de 2009

Estética Relacional

No post de hoje gostaria de fazer uma breve introdução a um livro de Nicolas Bourriaud que acredito ser bastante importante para a Arte Contemporânea*.

*do nosso tio Aurélio – Contemporâneo: adjetivo.
1. Que é do mesmo tempo, que vive na mesma época (particularmente a época que vivemos).

É possível compreender a produção artística sem nos basearmos na arte dos anos 1960?
“Com as relações humanas estabelecidas dentro de espaços de controle, espaços mercantis que acabam por decompor o espaço social, a prática artística surge como um campo fértil de experimentações sociais. Bourriaud investiga a sensibilidade coletiva em que se inscrevem essas novas formas de arte. E detém-se na vertente convivial e interativa dessa revolução, procurando saber por que os artistas passaram a produzir modelos de socialidade e a se situar dentro da esfera inter-humana”.
da orelha do livro

Quem quiser saber mais aí vai a dica: Estética Relacional de Nicolas Bourriaud.
BOURRIAUD, Nicolas. Estética Relacional. Tradução de Denise Bottmann. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

PS: Nos próximos posts vou apresentar alguns artistas que aprecio muito e que gostaria de compartilhar com vocês. Apesar de não fugir completamente do assunto voltarei para discussão sobre Estética Relacional e sobre a tal Arte Contemporânea.

JFBrittes

18 de dezembro de 2009

amanhã

ainda da coletânea EIS-ME AQUI, BRUTO!, um texto (palavra poema?) do certeiro Aristides Klafke
que me encantou quando o encontrei, ainda pequena, perdido na biblioteca da sala de meu pai, e
pelo qual hoje manifesto muito carinho.

AMANHÃ (para beta hermano)

amanhã iremos novamente à casa de alguns amigos
que não saem mais de casa e são paranóicos
falaremos de arte de comida e de jogo de damas
provavelmente não comentaremos os exageros
dos animais invertebrados
nem ligaremos para os tímpanos arrebentados
de um prisioneiro sem nome
esqueceremos pêndulos guilhotinas e garrotes
e não justificaremos nossas ausências.

apenas tragaremos álcool e fumo na noite
dos facínoras
depois suportaremos as sensações provocadas
pelas estacas e clavículas fincadas
nas calçadas e como porcos incólumes afirmaremos
nossas esperanças ao atravessarmos
ruas repletas de matilhas e ciladas.

amanhã mataremos nossos filhos de susto.

(mariana de matos)

o conselho

“ a verdadeira poesia se encontra fora das leis” georges bataille

encontrei esta citação num livro de poemas de Roberto Piva/
num dia nublado que me surpreendia com chuvas inesperadamente torrenciais.
em posse de um estado crítico de muito leitora, pensei promissoramente abandonar
a princípio os poetas empoeirados, os escritores que se vivo estivessem, teriam dificuldade em erguer a cabeça (de tantos prêmios no pescoço ?(, e me dedicar (com a óbvia delicadeza do termo) aos que não tem prêmios nem taças, aos que ocupam suas vidas com a literatura/poesia, e não tem tempo para a luxuosa matéria de excluir da arte, a vida;;; e com agonia e honroso desassossego, enquanto existe vitalidade literária, permanecem em pé sob a fundação da escritura.

>>>> transcrevo para vocês o conselho de Aristides Klafke, poeta mato-grossense da década de 50.


Conselho:


você deve devolver o sorriso
ao poder
sem novidade deve passar pelas pessoas
como se o mundo não existisse,
deve passar apenas, alheio.
ficar viúvo do sentimento
desertar em plena luta
armazenar o sexo
você deve ser absurdo, amigo
silencioso
você deve inaugurar-se
no caos.

e passar bem!




(mariana de matos)


17 de dezembro de 2009

venho lhes apresentar sem ponto sem vírgula numa quase regurgitação sem ensaio
um pequeno vídeo onde glauber rocha provoca uma reflexão crítica do cinema nacional do sistema econômico dos brasileiristas estrangeiros
revolucionário arauto desmistificante defensor de nossa nação e por que não começar por ele?




Paula Motta

16 de dezembro de 2009

Preservação -> Conservação -> Novo Uso

Houve uma época em que os edifícios antigos eram modificados para tornar suas aparências modernas encobrindo o fato de que eles eram realmente velhos.
Com exceção das antiguidades reconhecidas por especialistas, o restante era tratado como algo usado, de segunda mão e fora de moda.
Estas modificações hoje são mínimas, levando em consideração que o edifício não pode perder suas características, e atentando cada vez mais ao fato de que estes edifícios possuem importância econômica, cenográfica ou sentimental.
Considerar a reabilitação do edifício ao invés da demolição ou abandono, é favorável a cidade, e é a maneira mais inteligente de manter o edifício conservado.
No Brasil hoje, temos vários bons exemplos de intervenções feitas em patrimônios históricos que são bem sucedidas.
Aqui em Belo Horizonte teremos se não a maior, a mais concentrada, intervenção em vários patrimônios históricos de uma só vez na cidade. É a construção do Circuito Cultural da Praça da liberdade.
Convido vocês a darem uma olhada nos projetos das antigas secretarias que estão neste site http://www.circuitoculturalliberdade.mg.gov.br/projeto-conheca.php




Praça da Liberdade, Belo Horizonte, MG




Imagem retirada do site: http://www.anarkaos.wordpress.com/


                                                                                                                             Gabriela de Matos.

15 de dezembro de 2009

Natal_Dicas_Potencialidades

Flávia Virgínia




O natal pode ser sim uma grande celebração do kitsh e a afirmação de que muitos corações resolvem trabalhar somente nessa época. Críticas clichês a parte, aprendemos com um certo amigo bigodudo ( piada interna, ou você tem um bigode em mente?) que devemos extrair a potência das coisas banais. Pensando nisso, ou apenas aproveitando a oportunidade que a data sugere, coloco abaixo uma dica de exposição de arte + evento de moda com expositores que provocam a famosa possibilidade de transformar e provocar a diferença do corpo sem precisar abandonar aquilo que se é, o famoso devir, segundo outro amigo deleuze. Então segue abaixo o flyer do evento que ocorrerá na mini-galeria de arte:




Informações acesse o site da mini galeria
 ou o blog da marca Virginia Lotus .